O cineasta americano Michael Cimino foi do céu ao inferno em apenas dois anos. Primeiro, as alturas, quando em 1978 seu segundo longa, O Franco Atirador, ganhou cinco prêmios Oscar, inclusive melhor filme e diretor. Todas as portas de Hollywood se abriram para ele, e com isso, a oportunidade de realizar um épico. Cimino teve carta branca da United Artists para escrever e dirigir O Portal do Paraíso, em 1980. Começou aí a descida às profundezas. Já na produção conturbada, o orçamento inicial de pouco mais de sete milhões, pulou para quase 45. A ação se passa na última década do século XIX e tem como foco a Guerra do Condado Johnson, no estado do Wyoming. Uma luta travada entre criadores de gado e imigrantes europeus. O Portal do Paraíso não foi bem recebido pela crítica e muito menos pelo público. O fracasso nas bilheterias provocou a falência do estúdio. Mas será que este filme é tão ruim assim? De forma alguma. O Portal do Paraíso não é uma obra perfeita. E nem seu diretor é um gênio como muitos acreditavam na época. Trata-se de uma grande produção que gerou tantas histórias enquanto estava sendo feita e isso terminou por comprometer o resultado final. Quase como a "crônica de uma morte anunciada", o filme e o temperamento de Cimino criaram na indústria e na imprensa uma sensação antecipada de que as coisas não terminariam bem. O tempo se encarregou de amenizar suas falhas e destacar suas qualidades. Esta edição especial e inédita no Brasil lançada pela Obras-Primas do Cinema permite um novo e distanciado olhar sobre um filme que durante muito tempo foi mais falado do que visto. É hora então de reverter essa lógica.
O PORTAL DO PARAÍSO (Heaven's Gate - EUA 1980). Direção: Michael Cimino. Elenco: Kris Kristofferson, Christopher Walken, John Hurt, Sam Waterston, Brad Dourif, Isabelle Huppert, Joseph Cotten, Jeff Bridges, Ronnie Hawkins, Paul Koslo, Geoffrey Lewis e Richard Masur. Duração: 216 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.