Na segunda metade da primeira década do século XXI, o cineasta Spike Lee experimentou gêneros com os quais não havia trabalhado ainda. Primeiro, em 2006, realizou um filme de assalto, O Plano Perfeito. E dois anos depois foi a vez deste Milagre em Santa Anna, um drama de guerra. O roteiro se baseia no romance homônimo de James McBride, também autor da adaptação. O início é impactante ao mostrar, no tempo presente, um assassinato à queima-roupa. A partir daí, acompanhamos cerca de 40 anos atrás a história de quatro soldados negros que se perdem na região da Toscana, na Itália, no período da Segunda Guerra Mundial. Um desses soldados arrisca a própria vida para salvar Angelo, um garoto italiano. Milagre em Santa Anna é, na verdade, um longo flashback que vai, aos poucos, preenchendo as lacunas apresentadas em suas cenas iniciais. E o faz com hábil sensibilidade e cruel realismo. Falado em três idiomas (inglês, italiano e alemão), comprova a versatilidade de Spike Lee, mais conhecido por seus dramas raciais. Aqui ele não abandona seus temas recorrentes e consegue abordá-los de um novo e multifacetado olhar.
MILAGRE EM SANTA ANNA (Miracle at St. Anna – EUA 2008). Direção: Spike Lee. Elenco: Laz Alonso, Derek Luke, Michael Ealy, Omar Benson Miller, Pierfrancesco Favino, Valentina Cervi, Omero Antonutti, Matteo Sciabordi, D.B. Sweeney e Joseph Gordon-Levitt. Duração: 160 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.