Existem cineastas inquietos que procuram não ficar presos a um único tipo de filme ou maneira de contar histórias. O diretor americano Gus Van Sant faz parte desse grupo. Em mais de três décadas de carreira, ele se estabeleceu com um criador inspirado e dono de uma filmografia das mais ricas e autorais do cinema mundial. E sempre procurou não se acomodar, principalmente, quando algum filme seu faz muito sucesso. Essa inquietude criativa se faz perceber em O Mar de Árvores, que ele dirigiu em 2016, a partir do roteiro escrito por Chris Sparling. Boa parte da ação acontece na floresta Aokigahara, no Japão, que fica aos pés do Monte Fuji. O lugar é famoso por registrar um alto número de suicídios. Para lá se dirigem Arthur (Matthew McConaughey) e Takumi (Ken Watanabe). A intenção inicial é fazer jus à fama da floresta. Porém, acontece algo bem diferente. O Mar de Árvores, em muitos momentos, parece mais um filme de Terrence Malick do que de Gus Van Sant. Isso, pelo contrário, não é demérito algum. Apenas comprova, mais uma vez, a faceta inquieta, ousada e provocadora de Van Sant. Um artista que procura sempre escapar das amarras impostas pelas convenções. Sejam elas da indústria ou do próprio público.
O MAR DE ÁRVORES (Sea of Trees - EUA 2016). Direção: Gus Van Sant. Elenco: Matthew McConaughey, Naomi Watts, Ken Watanabe, James Saito, Ryoko Seta e Joe Girard. Duração: 110 minutos. Distribuição: Sony.