O cineasta americano William Friedkin vinha de dois grandes sucessos, tanto de público quanto de crítica: o policial Operação França, de 1971, e o terror O Exorcista, de 1973. Por conta disso, a expectativa em torno de seu trabalho era enorme. E Friedkin optou por dirigir uma nova adaptação do romance O Salário do Medo, escrito pelo francês Georges Arnaud e publicado em 1950. A versão anterior, de 1953, havia sido dirigida por Henri-Georges Clouzot e tinha Yves Montand no papel principal. O novo filme, O Comboio do Medo, teve o roteiro escrito por Walon Green e conta a história de um grupo de degredados que precisa transportar uma carga de nitroglicerina em uma perigosa estrada da selva sul-americana. Scanlon (Roy Scheider), Serrano (Bruno Cremer), Nilo (Francisco Rabal) e Martinez (Amidou) são nossos companheiros nesta viagem tensa e surpreendente. Friedkin é um diretor de mão firme e com um apurado senso de movimentação e posicionamento da câmara. É também um excelente diretor de atores. Sem contar as dificuldades enfrentadas durante a produção. No final, O Comboio do Medo fracassou nas bilheterias. Lançado logo depois do primeiro Star Wars, não encontrou seu público e nem teve tempo para isso. Além disso, Friedkin não fez concessão alguma. Ele nos apresenta aqui uma visão amarga da condição humana. E isso, sempre incomoda.
O COMBOIO DO MEDO (Sorcerer – EUA 1977) Direção: William Friedkin. Elenco: Roy Scheider, Bruno Cremer, Francisco Rabal, Amidou e Joe Spinell. Duração: 122 minutos. Distribuição: Versátil.