Existem histórias que, mesmo com o aviso nos créditos iniciais dizendo que foram baseadas em acontecimentos reais, são difíceis de acreditar. Este é o caso de O Clã, dirigido pelo argentino Pablo Trapero. O roteiro, escrito por ele próprio, junto com Julian Loyola e Esteban Student, se inspira nas ações da família Puccio. A ação se passa em Buenos Aires, na primeira metade dos anos 1980. Arquimedes Puccio (Guillermo Francella), com a ajuda do filho Alejandro (Peter Lanzani), a conivência da família, além de dois amigos e um militar aposentado, sequestraram e mataram várias pessoas. A "desculpa", se é que podemos chamar assim, tinha um fundo ideológico. Trapero emula aqui o melhor cinema americano do gênero, em especial, Scorsese e Coppola. Mas O Clã oferece muito mais do que aparenta à primeira vista. O diretor vai além do óbvio. A história em si é tão incrível que sozinha já bastaria. Porém, ele cria um "ambiente" complementar enriquecido pela trilha sonora e seu desenho de som, bem como pelo calor de sua paleta de cores. Além disso, há todo um subtexto que reforça o caráter de uma sociedade colonizada e sem identidade.
O CLÃ (El Clan - Argentina/Espanha 2015). Direção: Pablo Trapero. Elenco: Guillermo Francella, Peter Lanzani, Lili Popovich, Giselle Motta, Franco Masini, Gastón Cocchiarale, Antonia Bengoechea e Stefania Koessl. Duração: 109 minutos. Distribuição: Fox.