Filho de turcos nascido na Alemanha, o cineasta Fatih Akin vem construindo uma sólida filmografia de pouco mais de duas décadas. Após o lançamento de Contra a Parede, de 2004, seu nome chamou a atenção e sua carreira deslanchou. O Bar Luva Dourada, realizado em 2019, a partir de um roteiro escrito por ele próprio, adaptado do romance de Heinz Strunk. Este, por sua vez, se inspira em uma história real ocorrida em Hamburgo, no início dos anos 1970. Temos aqui a estranha figura de Fritz Honka (Jonas Dassler), responsável pela morte de várias pessoas de sua cidade e que seguiu um padrão peculiar em seus crimes. Não há na narrativa de Akin nada que glamourize as mortes executadas por Strunk. No entanto, eles vêm carregadas de um chocante realismo. Isso provocou nos cinemas onde o filme foi exibido reações as mais diversas de repulsa ao filme. O que não se justifica, uma vez que o diretor faz uso de recursos cênicos, como espaços sujos, apertados e sufocantes, justamente para reforçar o contexto da estrutura dramática apresentada. É preciso ter estômago forte? Sim. É preciso. Mas o filme defende muito bem seu ponto de vista e o faz com brilhantismo.

O BAR LUVA DOURADA (Der Goldene Handschuh – Alemanha 2019). Direção: Fatih Akin. Elenco: Jonas Dassler, Margarete Tiesel, Hark Bohm, Marc Hoseman, Tristan Göbel, Adam Bousdoukos e Philipp Baltus. Duração: 110 minutos. Distribuição: Imovision.