Em 1917, o dramaturgo italiano Luigi Pirandello escreveu a peça Assim é (Se lhe Parece). Esse título cai como uma luva para o filme Negação, dirigido em 2016 pelo britânico Mick Jackson. O roteiro de David Hare se baseia na história real da pesquisadora americana Deborah E. Lipstadt, que atacou em seu livro o historiador inglês David Irving, por ter escrito livros que defendem a não existência do Holocausto e que o mesmo teria sido inventado pelos judeus para aferir lucro. Irving processou Lipstadt por difamação e é em torno de seu julgamento em Londres que gira o filme. Temos aqui um confronto de visões da História. À frente do elenco, Rachel Weisz no papel de Lipstadt e Timothy Spall no de Irving. O curioso é que a ré, de acordo com as leis britânicas, precisa provar que a acusação é verdadeira. Negação se concentra na luta de Lipstadt e, se comete uma falha, ela surge no pouco destaque dado à personagem de Irving. Mas isso talvez nem seja uma falha. Afinal, o filme tem por base o livro dela e a forma como o diretor estrutura sua narrativa é empolgante. Fica claro, desde o início, que Irving é um perturbado mental, o vilão, digamos assim. Do outro lado está a heroína atacada por mentiras. Pode parecer maniqueísta, mas, na verdade, seria quase impossível contar uma história como essa sem definir bem as posturas de cada um dos envolvidos. E o fato de torcermos por Lipstadt é simplesmente natural.
NEGAÇÃO (Denial - Inglaterra/EUA 2016). Direção: Mick Jackson. Elenco: Rachel Weisz, Timothy Spall, Tom Wilkinson, Andrew Scott, Jack Lowden, Caren Pistorius e Mark Gatiss. Duração: 109 minutos. Distribuição: Sony.