Nanni Moretti talvez seja o mais inquieto cineasta italiano da atualidade. Seus filmes costumam alternar questões pessoais com temas polêmicos, políticos ou ambos. Ele que começou sua carreira em 1973 dirigindo curtas e se consolidou ao longo dos anos seguintes. Uma obra marcada pela excelência em todos os aspectos. Mia Madre, de 2015, faz parte de sua cota de filmes pessoais. Com o roteiro escrito por ele próprio, junto com Francesco Piccolo e Valia Santella, o diretor nos faz acompanhar o drama de Margherita (Margherita Buy). Ela é uma cineasta que está prestes a iniciar as filmagens de seu novo longa, quando recebe a notícia da internação de sua mãe, Ada (Giulia Lazzarini). Trata-se de uma doença terminal e esta situação termina por envolver não apenas os familiares, como também a rotina de trabalho dos filhos. Moretti, que além de diretor e roteirista, é ator, faz o papel de Giovanni, o irmão de Margherita, alterego de Moretti. E aqui cabe uma observação: é a primeira vez que o alterego do diretor é interpretado por uma atriz e não por ele próprio. Mia Madre, a exemplo de O Quarto do Filho, uma das mais conhecidas obras do cineasta, é muito mais do que aparenta ser. À primeira vista, pode parecer apenas um drama familiar com pitadas de humor, em especial, provocado pela personagem de John Turturro. No entanto, Moretti lida com questões profundas que exigem um pouco mais atenção do espectador. Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2015, ganhou o Prêmio do Júri Ecumênico
MIA MADRE (Mia Madre - Itália 2015). Direção: Nanni Moretti. Elenco: Margherita Buy, John Turturro, Giulia Lazzarini, Nanni Moretti, Beatrice Mancini, Stefano Abbati e Enrico Iannello. Duração: 106 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.