Spike Lee cresceu em um lar musical e essa ótima influência caseira se faz notar em boa parte de seus filmes. Em especial nos seus primeiros quatro longas que tiveram a colaboração de seu pai, Bill Lee, como compositor e/ou arranjador das trilhas sonoras. E de todos os filmes que o cineasta escreveu e dirigiu, Mais e Melhores Blues, de 1990, é o mais musical. A história gira em torno de Bleek Gilliam (Denzel Washington), que desde criança sonhava se tornar músico e, já adulto, experimenta o sucesso como trompetista e dono de sua própria banda. No entanto, a rivalidade com Shadow Henderson (Wesley Snipes), que toca sax em sua banda, além do relacionamento que mantém com duas mulheres, Clarke (Cynda Williams) e Indigo (Joie Lee), sem falar das confusões de Giant (Spike Lee), seu agente, fazem com que sua trajetória profissional tome outro rumo. O diretor vinha do grande sucesso de público e crítica de Faça a Coisa Certa, feito no ano anterior. Isso fez com que a expectativa em torno desse novo filme fosse enorme. E como alguém já disse certa vez: "a expectativa é a mãe da frustração”. Mas isso não significa que Mais e Melhores Blues seja uma obra ruim ou fraca. Muito pelo contrário. Vista agora, distante décadas de seu lançamento e sem a pressão de repetir o impacto causado por Faça a Coisa Certa, trata-se de uma bela declaração de amor à música em geral, e ao jazz e o blues, em particular.
MAIS E MELHORES BLUES (Mo’ Better Blues – EUA 1990). Direção: Spike Lee. Elenco: Denzel Washington, Spike Lee, Wesley Snipes, Giancarlo Esposito, Robin Harris, Joie Lee, Bill Nunn, John Turturro, Dick Anthony Williams, Cynda Williams, Nicholas Turturro, Rubén Blades e Samuel L. Jackson. Duração: 129 minutos. Distribuição: Universal.