A história de santa Joana d'Arc talvez seja a mais cinematográfica das histórias de santos católicos. Não por acaso o cinema a levou para as telas diversas vezes. Três versões se destacam: A Paixão de Joana d'Arc (1928), de Carl Theodor Dreyer; O Processo de Joana d'Arc (1962), de Robert Bresson; e este Joana d'Arc, dirigido em 1948 por Victor Fleming. Baseado na peça Joana de Lorraine, de Maxwell Anderson, que escreveu o roteiro junto com Andrew Solt, o filme era um projeto há muito acalentado pela atriz Ingrid Bergman, que faz o papel-título. Estamos no século XV, em uma França arruinada após a Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra. Nesse contexto, uma jovem camponesa de apenas 14 anos afirma ouvir a voz de Deus pedindo que ela lidere um exército para derrotar Orleans (Leif Erickson) e levar o delfim Carlos VII (Jose Ferrer) ao trono do país. Trata-se de um típico Victor Fleming, grandioso e épico, no melhor estilo de sua obra mais conhecida, E o Vento Levou. Chama a atenção os figurinos e a fotografia, ambos em cores vivas e fortes, premiados com o Oscar dessas categorias. Apesar da grande expectativa em torno do filme, ele fracassou nas bilheterias. Muitos dizem ter sido por conta do romance de Ingrid Bergman com o diretor italiano Roberto Rossellini. Ela ainda estava casada com Petter Lindström e a sociedade americana da época teria rejeitado uma adúltera fazendo o papel de uma santa. Provavelmente foi essa a razão do fracasso. De qualquer maneira, o tempo se encarregou de dar a esta versão o seu devido valor. Em tempo: o produtor do filme, Walter Wanger, ganhou um Oscar honorário por este trabalho.
JOANA D'ARC (Joan of Arc – EUA 1946). Direção: Victor Fleming. Elenco: Ingrid Bergman, Jose Ferrer, Francis L. Sullivan, J. Carrol Naish, Ward Bond, Gene Lockhart e Leif Erickson. Duração: 145 minutos. Distribuição: Classicline.