Existem documentários que resgatam passagens e personagens importantes da história de um país e conseguem estabelecer uma conexão com o presente. Estes são bons e necessários na cinematografia de qualquer nação. Existem também aqueles resgatam o passado, se conectam com o presente e dialogam com o futuro. Estes são fundamentais e este é o caso de Jango, documentário dirigido em 1984 pelo cineasta Sílvio Tendler. Política não é um tema estranho ao diretor. Quatro anos antes ele havia dirigido Os Anos JK. Quando anunciou o novo projeto, dentro do contexto de abertura política que o Brasil vivenciava na época, foi algo bem natural. Até porque, historicamente, João Goulart era o vice de Jânio Quadros, presidente que sucedeu Juscelino Kubitschek. Narrado pelo ator José Wilker, o filme começa no início do ano de 1960, quando Jânio estava em campanha. Passa por sua vitória na eleição, posse e renúncia. Com isso, Goulart assume a presidência e enfrenta sérios problemas com diversos grupos. Entre eles os militares, que terminam dando um golpe em 1964. Muitos depoimentos pontuam o filme, porém, o que torna Jango uma obra obrigatória é o caráter humanista que Tendler imprime ao documentário. E isso faz toda a diferença.
JANGO (Brasil 1984). Direção: Sílvio Tendler. Documentário. Duração: 115 minutos. Distribuição: Caliban Filmes.