Em quase 60 anos de carreira, Vittorio de Sica atuou em mais de 160 películas, além de ter dirigido 35 obras e escrito o roteiro de 23 filmes. Como se isso não bastasse, de Sica, ao lado Roberto Rossellini e Luchino Visconti, compôs a trinca criadora do movimento neorrealista italiano, que revolucionou o cinema mundial. Duas Mulheres, que dirigiu em 1960, traz muitos elementos do neorrealismo. Com roteiro de Cesare Zavattini, baseado no romance de Alberto Moravia, o filme conta uma história que começa no período da Segunda Guerra Mundial. Somos apresentados à viúva Cesira (Sophia Loren), dona de uma pequena mercearia em Roma, onde vive com filha Rosetta (Eleonora Brown), de 13 anos. Por conta das bombas jogadas na cidade, Cesira decide fugir com a menina para Santa Efemia, cidade onde nasceu. Duas Mulheres, nas mãos de um diretor sem talento, cairia facilmente no mais puro melodrama. De Sica é bem mais sutil e inteligente ao nos conduzir por uma narrativa que parece, inicialmente, bastante simples e previsível. Ledo engano. Aos poucos, percebemos que estar diante de uma obra grandiosa e intimista ao mesmo tempo. Principalmente, no seu terço final. Todo o elenco se sai muito bem, porém, não há como não destacar o estupendo desempenho de Sophia Loren, vencedora de diversos prêmios de atuação por este papel. Inclusive, o Oscar de melhor atriz, o que fez dela a primeira atriz a receber o prêmio por um filme que não era falado em inglês.
DUAS MULHERES (La Ciociara – Itália 1960). Direção: Vittorio de Sica. Elenco: Sophia Loren, Jean-Paul Belmondo, Eleonora Brown, Carlo Ninchi, Andrea Checchi, Emma Baron e Raf Vallone. Duração: 100 minutos. Distribuição: Continental.