Os irmãos cineastas belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne são quase um "grife" do cinema europeu engajado. A vasta filmografia da dupla não deixa dúvidas. Em Dois Dias, Uma Noite, que eles escreveram e dirigiram em 2014, o tema do desemprego é focado de maneira exemplar. Acompanhamos aqui uma mulher, Sandra (Marion Cotillard, estupenda), que vai retornar ao trabalho após uma crise aguda de depressão. Porém, ela descobre que perdeu seu emprego porque seus colegas preferiram receber um adicional no salário ao invés de tê-la de volta. A partir daí, no período de tempo que dá título ao filme, Sandra, com a ajuda do marido, Manu (Fabrizio Rongione), precisa convencer seus colegas a abrirem mão do dinheiro extra para que ela possa ter seu emprego de volta. Dois Dias, Uma Noite é um típico Dardenne. Os irmãos têm um estilo bastante peculiar de contar suas histórias. Egressos do documentário, eles conduzem a narrativa com uma simplicidade comovente. Os atores parecem pessoas comuns que estão sendo filmadas sem que tenham noção de existir uma câmara ligada perto deles. Isto não é fácil de se conseguir. Nem para quem dirige e muito menos para quem atua. Os Dardenne fazem isso como se fosse a coisa mais natural do mundo.
DOIS DIAS, UMA NOITE (Deux Jours, Une Nuit - Bélgica 2014). Direção: Jean-Pierre e Luc Dardenne. Elenco: Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Catherine Salée, Batiste Sornin, Pili Groyne e Simon Caudry. Duração: 95 minutos. Distribuição: Imovision.