O que seria do cinema se Roger Corman não existisse? Certamente seria bem menos interessante. Até pelo porque, sem ele, muitos cineastas talentosos não teriam surgido. Um deles é Monte Hellman. Natural de Nova York, ele estudou Artes Dramáticas na Universidade de Stanford e depois se formou em Cinema pela Universidade da Califórnia em Los Angeles, a famosa UCLA. Hellman, antes de se tornar cineasta, foi diretor de Teatro até ser convidado para trabalhar com Corman. De todos os trabalhos que realizou, o mais marcante e influente é sem dúvida alguma Corrida Sem Fim, de 1971. O roteiro, escrito por Will Corry e Rudy Wurlitzer, conta a história de um Piloto (o cantor James Taylor) e seu Mecânico (Dennis Wilson, baterista dos Beach Boys), que viajam em um Chevy 55 pelas estradas dos Estados Unidos em busca de corridas para competir. A partir de certa altura, a Garota (Laurie Bird) e o GTO (Warren Oates), se juntam aos dois. Carro e estrada remetem instantaneamente a movimento. E movimento é parte essencial do Cinema. Aqui, as personagens não possuem nomes próprios. E nem precisam. Não é isso o que importa. Hellman nos conduz em Corrida Sem Fim por um drama existencial. São poucos os diálogos que conseguimos acompanhar. Não há uma trama por assim dizer. O assunto maior, ou único assunto, gira em torno de carros e da rotina de quem vive na estrada. O estúdio produtor não gostou do final imposto por Hellman e restringiu bastante o lançamento do filme que, por conta disso, fracassou nas bilheterias. O tempo se encarregou de criar um culto em torno do filme e, ao longo dos anos seguintes sua influência se fez perceber em muitos cineastas, entre eles, um tal de Quentin Tarantino.
CORRIDA SEM FIM (Two-Lane Blacktop - EUA 1971). Direção: Monte Hellman. Elenco: James Taylor, Warren Oates, Laurie Bird, Dennis Wilson e Harry Dean Stanton. Duração: 102 minutos. Distribuição: Versátil.