No início dos anos 1990 o cineasta Hector Babenco foi diagnosticado com um linfoma. Teve início então um longo tratamento que culminou num transplante de medula. Um processo que segundo ele, o aproximou intimamente da morte. Recuperado, Babenco, após sete anos sem filmar, realiza Coração Iluminado. O roteiro, carregado de referências autobiográficas, foi escrito por ele junto com Ricardo Piglia. O diretor relembra aqui momentos de sua juventude quando ainda vivia na Argentina. Seu alter ego é Juan, vivido por Walter Quiroz (jovem) e Miguel Ángel Solá (adulto). Ele retorna à sua cidade natal 20 anos depois de ter ido embora. Lá chegando para visitar o pai que está doente, ele revive um grande amor do passado, Ana (Maria Luísa Mendonça), ao mesmo tempo em que se envolve com Lilith (Xuxa Lopes). Coração Iluminado marca o início de uma trilogia autobiográfica de Babenco, que seria continuada por O Passado, de 2007, e finalizada por Meu Amigo Hindu, de 2015, seu último filme. Sincero e corajoso ao expor suas próprias lembranças, vemos passar na tela a vida de um artista que procura reencontrar a vida após uma experiência de quase morte. Um artista que se desnuda e abre seu coração. Um coração que como adianta o título da obra, nos ilumina por inteiro.
CORAÇÃO ILUMINADO (Corazón Iluminado - Argentina/Brasil/França 1998). Direção: Hector Babenco. Elenco: Xuxa Lopes, Miguel Ángel Solá, Maria Luísa Mendonça, Walter Quiroz, Norma Aleandro, Villanueva Cosse e Oscar Ferrigno Jr. Duração: 132 minutos. Distribuição: Europa Filmes.