Pode até parecer exagero de minha parte, mas os anos do governo Obama nos Estados Unidos fizeram muito mal ao cinema de Spike Lee. Não por acaso, dois de seus filmes mais fracos, Oldboy: Dias de Vingança e A Doce Sede de Sangue, são desse período. Chi-Raq, de 2015, marca seu retorno à boa forma. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, junto com Kevin Willmort, se inspira e atualiza a peça Lysistrata, do dramaturgo do clássico teatro grego Aristófanes e leva a ação para a Chicago do presente. A começar pelo título, que vem da junção de sílabas das palavras "Chicago” e "Iraque” e se refere a uma região violenta da cidade envolta em brigas de gangues rivais. Nesse cenário de guerra urbana, uma bala perdida tira a vida de uma criança e as mulheres decidem iniciar uma greve de sexo até os homens concordem em largar suas armas. O lema do movimento "sem paz, sem xana” ganha o mundo e atinge diferentes níveis de poder. Além, é claro, de gerar muitas sequências divertidas. Uma coisa que chama a atenção aqui: as rimas dos diálogos que remetem ao rap. No final, fica a ótima constatação de perceber um grande cineasta colocando novamente sua carreira nos trilhos. Em tempo: este foi o primeiro filme produzido pelo Amazon Studios.
CHI-RAQ (Chi-Raq – EUA 2015). Direção: Spike Lee. Elenco: Nick Cannon, Teyhnah Parris, Wesley Snipes, Angela Bassett, Samuel L. Jackson, John Cusack, Jennifer Hudson, Dave Chappelle, Harry Lennix e D.B. Sweeney. Duração: 127 minutos. Distribuição: Amazon Prime.