O mais próximo que o cinema brasileiro tem do faroeste é o filme de cangaço. Lima Barreto já tinha mostrado isso em O Cangaceiro, grande sucesso mundial feito em 1953. Onze anos depois, Glauber Rocha consolidou esse "western made in Brazil" com Deus e o Diabo na Terra do Sol. E repetiu a dose em 1969 com O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro. Todos esses exemplos serviram de inspiração para o pernambucano Lírio Ferreira e o paraibano Paulo Caldas escreverem (junto com o também pernambucano Hilton Lacerda) e dirigirem o longa, Baile Perfumado, em 1997. A história aqui gira em torno de suas figuras marcantes da história e da cultura popular nordestinas: Padre Cícero (Joffre Soares) e Lampião (Luiz Carlos Vasconcelos). Só que o foco não está em nenhum dos dois. Somos apresentados ao mascate libanês Benjamin Abrahão (Duda Mamberti), que decide fazer um filme sobre o famoso Lampião e seu bando e com isso, acredita ele, ficar rico. O trio de roteiristas realizou uma extensa pesquisa histórica e iconográfica e isso resultou em um trabalho extremamente ousado e original. Baile Perfumado fez parte da primeira leva de filmes da chamada "retomada do cinema nacional" e é o marco zero do que hoje conhecemos como "cinema pernambucano". Uma obra verdadeiramente transgressora e que foi responsável por abrir o caminho para outros cineastas do Recife, como Cláudio Assis, Marcelo Gomes, Hilton Lacerda, Kleber Mendonça Filho, Marcelo Lordello, Renata Pinheiro e Gabriel Mascaro.
BAILE PERFUMADO (Brasil 1997). Direção: Lírio Ferreira e Paulo Caldas. Elenco: Duda Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Chico Diaz, Joffre Soares, Geovanna Gold, Germano Haiut e Cláudio Mamberti. Duração: 93 minutos. Distribuição: Imovision.