O sueco Peter Cohen dirigiu poucos documentários, porém, se tivesse dirigido apenas este Arquitetura da Destruição, já seria suficiente para ter seu nome na galeria de grandes realizadores. Este filme, também escrito por ele, talvez seja o melhor já realizado tendo o nazismo como tema. Cohen parte do princípio de que a frustração de Adolf Hitler por não ter sido reconhecido como artista tenha moldado a base da doutrina nazista. Não podemos esquecer da conjuntura político-social que a Alemanha vivia na época. Hitler, que havia planejado um reinado de mil anos, simplesmente soube capitalizar em cima do estado de espírito de seu povo, derrotado e humilhado na Primeira Guerra Mundial. Além disso, havia também a grave crise econômica que o país enfrentava. Neste contexto, Hitler desenhou seu projeto de embelezamento do mundo. Cohen se vale dessa crença na superioridade da raça ariana e traça um painel dos mais ricos e profundos em Arquitetura da Destruição. De carisma incontestável, Hitler se valeu de um momento de fraqueza de seu povo para imprimir uma política que visava, pura e objetivamente, perpetuar seu poder. Para quem pregava o belo, o resultado final tornou-se um dos mais feios e terríveis da História. Uma curiosidade: este documentário é narrado pelo ator alemão Bruno Ganz, que viria a fazer o papel do füeher 15 anos depois no filme A Queda: As Últimas Horas de Hitler, de Oliver Hirschebiegel.
ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO (Undergangens Arkitektur - Suécia 1989). Direção: Peter Cohen. Documentário. Duração: 119 minutos. Distribuição: Versátil.