Desde que começou a circular pelos festivais de cinema do mundo, Alice Júnior, terceiro longa de ficção do cineasta paranaense Gil Baroni, vem colecionando aplausos e prêmios. O roteiro, escrito por Luiz Bertazzo e Adriel Nizer Silva, nos apresenta a jovem Alice (Anne Celestino Mota), uma youtuber trans que vive com o pai (Emmanuel Rosset), no Recife. Uma questão de trabalho faz com que os dois se mudem para a pequena Araucárias do Sul, na região sul do país. O desafio para Alice é sobreviver ao novo colégio, no caso uma escola católica, e aos novos colegas de turma, onde enfrentará os mais diversos preconceitos. Resumindo assim pode até parecer que Alice Júnior seja um filme pesado. Ele lida, é verdade, com temas difíceis e bastante delicados, no entanto, a direção criativa e inspirada de Baroni conduz a narrativa de maneira vibrante, leve e em perfeita sintonia com a linguagem das redes sociais. Mas só isso não seria suficiente se o filme não fosse assertivo em sua mensagem. Mesmo tratando os temas propostos com leveza, o diretor não deixa de enfatizar pontos importantes como legislação, representatividade, tolerância, empatia e sororidade. Não podemos esquecer da precisão do roteiro na caracterização das personagens e, em especial, da presença iluminada de Anne Celestino Mota no papel-título. Ela foi premiada no Festival de Brasília de 2019 com o prêmio de melhor atriz quebrando assim um paradigma na categoria. Alice Júnior é um sopro de carinho. Aquele tipo de filme que deveria ser exibido e discutido nas escolas, nas igrejas e nas famílias e está disponível em diversas plataformas de streaming.
ALICE JÚNIOR (Brasil 2019). Direção: Gil Baroni. Elenco: Anne Celestino Mota, Emmanuel Rosset, Surya Amitrano, Matheus Moura, Thaís Schier, Karia Horn, Gustavo Piaskoski, Antonia Montemezzo, Igor Augustho e Melissa Locatelli. Duração: 87 minutos. Distribuição: Olhar/Moro Filmes.