Apesar de ter feito alguns trabalhos para TV, o cineasta Federico Fellini não poupou críticas a ela. Coincidentemente, seus três últimos filmes abordam a maneira cruel com que a TV tritura e manipula ideias. Sua derradeira obra, A Voz da Lua, mesmo sendo uma adaptação do romance O Poema dos Lunáticos, de Ermanno Cavazzoni, que escreveu o roteiro junto com Fellini e Tullio Pinelli, não deixa de cutucar a televisão. Acompanhamos aqui a história de Salvini (Roberto Benigni), um homem que fugiu do hospício e enxerga o mundo à sua maneira ao procurar sempre a poesia das coisas, guiado pelo satélite da Terra que dá título ao filme. A jornada dele, ao lado do ex-prefeito Gonella (Paolo Villaggio), é, de certa forma, uma viagem de reencontro do diretor com diversas personagens que protagonizaram sua marcante filmografia. A Voz da Lua também mostra um artista inquieto que Fellini sempre foi. No entanto, é perceptível uma mudança de rumo em sua narrativa, além da maneira como a música interage com tudo. Sem esquecer também da força e da magia do silêncio.
A VOZ DA LUA (La Voce della Luna – Itália 1990). Direção: Federico Fellini. Elenco: Roberto Benigni, Paolo Villaggio, Nadia Ottaviani, Marisa Tomasi, Angelo Orlando, Nigel Harris e Daniela Airoldi. Duração: 120 minutos. Distribuição: Versátil.