O movimento cinematográfico da Nouvelle Vague francesa influenciou meio mundo e teve seus conceitos apreendidos por cineastas americanos, ingleses, japoneses, brasileiros e do Leste europeu. Foi na antiga Tchecoslováquia, hoje República Tcheca, que os diretores de origem austro-húngara Ján Kadár e Elmar Klos realizaram o belo e tocante A Pequena Loja da Rua Principal. Com roteiro original de Ladislav Grosman, que contou com a colaboração da dupla de realizadores, o filme nos apresenta Tono (Jozef Kroner), humilde camponês nomeado inspetor ariano do estabelecimento do título, que tem à frente a viúva judia Rozalia (Ida Kaminska). A ação tem início no final de 1941, na Segunda Guerra Mundial, quando o país foi invadido pelo exército nazista. Tono é uma pessoa pobre, de pouca instrução, porém, boníssima de coração. A despeito de sua esposa, da irmã dela e do cunhado. Todos querem tirar proveito da nova função de Tono, o "arianizador". E, apesar de não conseguir estabelecer uma conversa compreensível com a dona da loja, ele, por sua índole, se torna muito próximo dela. Na época da produção o país vivia a chamada Primavera de Praga. Kadár e Klos pareciam falar da ocupação nazista, mas, na verdade, falavam de outra ocupação, a do regime soviético. O sucesso internacional obtido por A Pequena Loja da Rua Principal, que teve Menção Especial em Cannes e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, amenizou qualquer tipo de censura que o filme pudesse ter sofrido na então "cortina de ferro".
A PEQUENA LOJA DA RUA PRINCIPAL (Obchod na Korze - República Tcheca 1965). Direção: Ján Kadár e Elmar Klos. Elenco: Ida Kaminska, Jozef Kroner, Hana Slivkova, Martin Holly, Adam Matejka e Frantisek Zvarik. Duração: 128 minutos. Distribuição: Continental.