Muitas peças teatrais serviram de inspiração para filmes. William Shakespeare é o dramaturgo campeão de adaptações cinematográficas. Depois dele, vem o americano Tennesse Williams, que teve muitas de suas obras transportas para o cinema. Uma delas é A Noite do Iguana, que John Huston adaptou, junto com Anthony Veiller, e também a dirigiu, em 1964. A ação se passa inteiramente no México e conta a história do reverendo T. Lawrence Shannon (Richard Burton), alcoólatra e renegado, que vive como guia turístico numa região à beira-mar. Certo dia chega ao lugar um grupo de mulheres da Igreja Episcopal do Texas liderado por Judith Fellowes (Grayson Hall). No meio delas, a jovem e sedutora Charlotte Goodall (Sue Lyon, reprisando aqui um papel bem parecido com o de seu filme anterior, Lolita, de Stanley Kubrick). E durante aquela noite do título, na pousada de Maxine Faulk (Ava Gardner), Shannon conhece Hannah Jelkes (Deborah Kerr), uma pintora que o faz confrontar seus medos. Huston sempre foi um cineasta audacioso nos temas que costumava abordar em seus filmes. Não é diferente em A Noite do Iguana. E o texto de Williams traz consigo uma gama de sentimentos e situações limites que o diretor explora como ninguém. Para tanto, conta ainda com um elenco em estado de graça neste filme cheio de diálogos fortes que requerem uma atenção redobrada do espectador. Mas não pense que essa verborragia significa mais um exemplo de teatro filmado. De forma alguma. Huston é cinema puro! Em tempo: o filme recebeu quatro indicações ao Oscar, mas ganhou apenas uma, na categoria de melhor figurino em preto e branco.
A NOITE DO IGUANA (The Night of the Iguana - EUA 1964). Direção: John Huston. Elenco: Richard Burton, Ava Gardner, Deborah Kerr, Sue Lyon, Skip Ward, Grayson Hall, Cyril Delevanti e Mary Boylan. Duração: 125 minutos. Distribuição: Warner.