Clint Eastwood estava há dez anos sem se autodirigir, desde Gran Torino. Em 2012, ele apenas atuou em Curvas da Vida, dirigido pelo amigo Robert Lorenz. A Mula, com roteiro de Nick Schenk, se inspira em uma história real contada em um artigo de Sam Dolnick para a revista semanal do New York Times. Acompanhamos aqui a rotina de Earl Stone (Eastwood), um homem que cultiva flores, é veterano da Guerra da Coréia, tem muitos amigos e admiradoras. Porém, coleciona muitos problemas na vida pessoal. Aos 90 anos, ele se vê em uma situação financeira precária. Isso faz com que ele aceite transportar drogas em sua velha picape, do México para os Estados Unidos. Quem suspeitaria de um velho simpático como ele? Eastwood nem precisa fazer muita força para nos envolver em sua narrativa. Sua persona cinematográfica é, como os americanos costumam dizer, maior que a vida. Earl nos conquista já no prólogo do filme. A partir daí, não importa o que faça, estaremos torcendo por ele. Trata-se de um carisma especial que o cineasta construiu ao longo de mais de 50 anos de carreira. Coisa de gênio. Ou melhor, coisa de mestre.
A MULA (The Mule - EUA 2018). Direção: Clint Eastwood. Elenco: Clint Eastwood, Bradley Cooper, Laurence Fishburne, Michael Peña, Dianne Wiest, Andy Garcia, Ignacio Serricchio, Taissa Farmiga e Alison Eastwood. Duração: 116 minutos. Distribuição: Warner.