Daniel Mann brilhou como diretor teatral da Broadway antes de migrar para o cinema hollywoodiano. Seu filme de estreia foi este A Cruz da Minha Vida, que ele havia dirigido no teatro dois anos antes. O roteiro de Ketti Frings tem por base a premiada peça de William Inge, que conta a história de Lola (Shirley Booth) e Doc Delaney (Burt Lancaster). Os dois vivem uma relação carregada de desamor e amargura que se agrava com a chegada da jovem Marie (Terry Moore), inquilina de um quarto na casa deles. Doc é um médico frustrado e alcoólatra que tenta se livrar do vício. Lola vive no passado e só pensa em recuperar Sheba, seu cachorro perdido, daí o título original. Na verdade, a presença de Marie naquela casa mexe com a rotina dos Delaney. Lola e Doc, de maneiras diferentes, enxergam na jovem a própria juventude que tiveram e as escolhas que fizeram. O que agrava ainda mais a miserável vida que levam. A Cruz da Minha Vida é um excelente exemplo da época de ouro de Hollywood, quando a preocupação maior era produzir histórias complexas e adultas. Bem diferente do que acontece hoje. Daniel Mann começou sua carreira no cinema mostrando ser um grande diretor de atores, ou melhor, de atrizes, neste filme que deu a Shirley Booth o Oscar de atuação feminina.
A CRUZ DA MINHA VIDA (Come Back, Little Sheba - EUA 1952). Direção: Daniel Mann. Elenco: Burt Lancaster, Shirley Booth, Terry Moore, Richard Jaeckel, Philip Ober, Edwin Max, Lisa Golm e Walter Kelley. Duração: 99 minutos. Distribuição: Colecione Clássicos.