Muitos consideram A Canção de Bernadette o melhor filme religioso de todos os tempos. Eu discordo em parte. Para mim, o melhor ainda é O Evangelho Segundo São Mateus, que Pier Paolo Pasolini dirigiu em 1964. Mas reconheço que A Canção de Bernadette vem logo atrás, beirando o empate técnico, num honroso segundo lugar. O filme de Henry King tem por base o livro de Franz Werfel, que foi adaptado por George Seaton. A ação se passa no ano de 1858, na pequena vila de Lourdes, no interior da França. É lá que a jovem Bernadette (Jennifer Jones) tem a visão de uma linda mulher que aparece para ela em um ponto alto da região. Somente Bernadette a vê e rapidamente, a população crê se tratar de uma aparição da Virgem Maria. O que mais chama a atenção em A Canção de Bernadette é a maneira como a história é contada. Inicialmente, pode até parecer se tratar de mais um filme de "santa". Henry King, já na época um cineasta veterano, conduz a narrativa com sobriedade, sem exagero algum. É justamente essa opção pela simplicidade que tornaram o filme tão querido e impactante, sem apelações dramáticas desnecessárias. Além da sensibilidade do diretor, a bela trilha sonora composta por Alfred Newman e vencedora do Oscar da categoria, ajuda bastante no envolvimento do espectador. No final, a obra recebeu 12 indicações ao Oscar e ganhou em quatro: a já citada trilha sonora, bem como direção de arte, fotografia em preto e branco e atriz, para a quase estreante Jennifer Jones, em seu primeiro grande papel no cinema.
A CANÇÃO DE BERNADETTE (The Song of Bernadette - EUA 1943). Direção: Henry King. Elenco: Jennifer Jones, Charles Bickford, Vincent Price, Lee J. Cobb, Gladys Cooper, Anne Revere, Roman Bohnen, Patricia Morison e Mary Anderson. Duração: 156 minutos. Distribuição: Fox.