O cineasta inglês Sam Mendes vinha de uma bem-sucedida carreira no teatro quando estreou na direção de longas, em 1999, com o filme Beleza Americana, grande vencedor do Oscar daquele ano, inclusive com as estatuetas de melhor filme e diretor. Agora, 20 anos depois, Mendes recorre às histórias que seu avó, que lutou na Primeira Guerra Mundial, lhe contava e escreveu o roteiro, junto com Krysty Wilson-Cairns do drama de guerra 1917. Tudo acontece ao longo de um dia de abril do ano que dá título ao filme. Os cabos Blake (Dean-Charles Chapman) e Schofield (George MacKay) recebem a missão de atravessar a pé o campo inimigo para levar uma mensagem a outro batalhão do exército inglês e, com isso, salvar a vida de 1.600 soldados. O que diferencia 1917 de outros tantos filmes de guerra é a maneira como a narrativa é conduzida. Mendes quis que sua obra se desenrolasse como um longo plano-sequência, ou seja, ação contínua, sem cortes aparentes. O que importa aqui é menos o conteúdo e mais a forma. E para levar essa empreitada de maneira convincente à tela, ele contou com o talento do fotógrafo Roger Deakins, vencedor do Oscar da categoria. O filme também ganhou as estatuetas de mixagem de som e efeitos especiais. Ambos são tão precisos e bem-feitos que nem notamos. Em resumo, 1917 é, antes de tudo, uma grande experiência cinematográfica que proporciona uma intensa imersão que só a sétima arte é capaz promover.
1917 (1917 – EUA/INGLATERRA 2019). Direção: Sam Mendes. Elenco: George MacKay, Dean-Charles Chapman, Colin Firth, Mark Strong, Andrew Scott, Billy Postlethwaite e Benedict Cumberbatch. Duração: 119 minutos. Distribuição: Universal.