Tive a honra de conversar longamente com a Irmã Terezinha de Almeida, postuladora da beatificação de Madre Leônia Milito junto ao Vaticano. Morando em Roma, onde trabalha na biografia oficial de Leônia, Ir. Terezinha visitou a sua querida Londrina e falou um pouco sobre a serva de Deus, considerada por muitos a futura santa de Londrina. O material reunido pela postuladora soma 42 volumes e 14 mil páginas, repletas de informações sobre a fundadora da Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret.
Terezinha, que conviveu com Madre Leônia por 15 anos de 1965 até a sua morte, em um acidente de trânsito, em 1980 , ressaltou as virtudes heroicas da missionária italiana que deixou a sua congregação original para fundar, juntamente com D. Geraldo Fernandes, primeiro arcebispo de Londrina, um trabalho que resgata vidas e almas em 17 países e cinco continentes. Se Londrina nasceu com gente de todo o mundo, a Congregação fundada por Madre Leônia e Dom Geraldo é uma espécie de retorno amoroso a esse mesmo mundo. A postuladora nos levou até o assento que Madre Leônia gostava de ocupar na igrejinha do Santuário Coração de Maria, de onde tinha uma vista privilegiada do altar e do amor de Cristo. Ali também é preservado o órgão em que ela sempre tocava seus temas religiosos inclusive uma composição própria, ainda inédita. Naquela igrejinha está sepultada Madre Leônia, a quem são atribuídas inúmeras graças, generosamente acolhidas pelo coração dos fiéis. Irmã Terezinha me presenteou com um livrinho azul: o Diário Espiritual de Madre Leônia no ano de 1975. Tenho levado este volume para todos os cantos; abrindo-o aleatoriamente, em qualquer página, sempre encontro uma mensagem de fé, esperança e amor, escrita com simplicidade e sinceridade pungentes. Eis alguns exemplos: "Não nos deixemos superar pelas dificuldades e pela desconfiança. O Senhor está ligado a nós. O Senhor nos ama. Não podemos permanecer alheios ao contexto humano e à série de coisas que acontecem, que afligem a sociedade de hoje." (17 de julho de 1975, noite da geada negra) "Quanto a Deus, é preciso saber amar, sofrer e oferecer. Ele morreu por mim, devo saber morrer por ele." (22 de julho de 1975, cinco anos de sua morte) "As almas boas deste mundo serão sempre mais ou menos perseguidas, como é perseguida a Igreja, sua Mãe." (28 de abril de 1975) "Sobre a Cristandade, se adensam muitas nuvens as provas presentes para a Igreja de Cristo talvez possam ser mais graves ainda do que no passado. A humanidade, malgrado o grande progresso, vai se distanciando de Deus e dia por dia está se aproximando um período bem difícil e, ouso dizer, tenebroso." (Testamento espiritual) "Jesus, enche-me de santa alegria, sempre, sempre." (10 de dezembro de 1975, aniversário de Londrina) Ainda se espera a comprovação científica de um milagre de Madre Leônia. Ao ler os seus diários, porém, eu penso que o maior milagre foi a própria existência desta mulher.