Bonde Briguet

Kireeff sem temer

12 mai 2016 às 09:55

Na primeira votação do impeachment, o colunista da #AvenidaParaná foi a Brasília. Ontem fiquei em Londrina para uma entrevista exclusiva com o prefeito Alexandre Kireeff. Em 17 de abril, uma visão do Planalto para a planície. Agora, um olhar da planície sobre o Planalto.

Kireeff me recebe em seu gabinete provisório (o principal está em reformas). Diz que vai tirar alguns dias de férias. Férias que estavam programadas para janeiro, mas janeiro foi um mês atípico, para não dizer maluco. Primeiro, as chuvas derrubaram 45 pontes no município. Depois, veio a chacina de 11 pessoas em uma noite. Depois, um avião caiu em cima de uma Kombi. Depois, os terremotos no Califórnia. Assuntos sérios. E mais sério ainda é o momento que o País vive agora. "Há um grande caminho a ser percorrido", diz o prefeito. "As prioridades devem ser iniciar uma agenda para retomada do crescimento econômico e garantir a continuidade e a independência da Operação Lava Jato." Para Kireeff, Temer ainda não dispõe da credibilidade necessária para liderar a reconstrução nacional. "Precisamos lembrar que ele é fruto do mesmo processo eleitoral que levou Dilma ao poder. Fez parte do mesmo governo que se beneficiou do Petrolão, segundo apontam as investigações da Lava Jato. Não sei se ele criará as condições para realinhar o País, realmente não sei. Mas estou torcendo para dar certo, mesmo não tendo votado nele nem na Dilma." Sabe-se que boa parte da crise atual tem origem na reeleição de Dilma Rousseff. Por falar no assunto, o prefeito já deixou claro que não vai concorrer à reeleição neste ano. "Não foi uma decisão que tomei agora, mas algo que já estava definido desde que me candidatei, em 2012. O instituto da reeleição transformou a maioria dos primeiros mandatos em campanhas eleitorais. Muitas vezes o gestor deixa de tomar medidas amargas e populares, mas necessárias. Isso acaba levando a segundos mandatos ruins." Kireeff garante que o seu sucessor encontrará, como no poema de Manuel Bandeira, "lavrado o campo, a casa limpa, a mesa posta, com cada coisa em seu lugar". Segundo ele, a Prefeitura retomou a capacidade de investimento e está com um nível de endividamento bem menor que o de cidades do mesmo porte. "Demos prioridade a projetos estruturantes, como o Superbus e o Parque Industrial, mesmo tendo encontrado um déficit projetado de R$ 70 milhões no primeiro dia de governo, uma Sercomtel à beira do fechamento e apenas uma ambulância funcionando!"

Depois de falar sobre os estragos da chuva no começo do ano, pergunto ao prefeito quais foram as pontes que continuaram em pé. "Não caíram as pontes dos princípios e dos valores fundamentais. Estas eu não preciso temer: não caem nunca, porque estão bem alicerçadas", diz o prefeito, olhando para a estátua de São Francisco de Assis.


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