Percebo alguma coisa estranha entre os muitos brasileiros que conheço por aqui. Vejo que muitos vivem e moram sozinhos. O resultado desse isolamento são doenças somatizadas com dores reais e causas incertas. Me falam sobre incomodos na nuca, dores de cabeça, estômago, eczemas e muita tontura. Sei também que muitos trabalhadores do chão das fábricas desembarcam por aqui com problemas pendentes que vão de sepações mal resolvidas, filhos deixados para trás e até fuga por brigas familiares. Aos poucos, com o isolamento, esses fantamas começam a sair atacando as almas e os espíritos. O sujeito fica inerte, sem brilho, meio robotizado. Perde a sensibilidade e a vontade de buscar coisas novas.
Dizem que nessas horas o ideal é voltar ao passado e relembrar os prazeres. Pode ser ler, cozinhar, pintar, nadar, correr, fazer tricô. O importante é reviver esses sentimentos para um recomeço, porque tudo pode ser reconquistado. Vendo pelo lado positivo, a estadia no Japão pode criar novos seres, seres mais humanos, mais conscientes, menos vulneráveis. Para quem já está desse lado do mundo, não custa nada tentar.

Poema