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O propagação do vírus não é minha culpa

12 abr 2020 às 06:53

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Conversando com amigos no Brasil, recebi uma reprimenda dizendo que o Japão estava brincando com o Coronavírus porque não teve uma "quarentena integral” como está acontecendo em alguns países europeus e no Brasil.
Por aqui tudo continuou praticamente igual. Eu disse praticamente.
As escolas estão fechadas desde o dia primeiro de março. Quando digo escola, temos o pré primário até a universidade. Todos os jogos esportivos estudantis e profissionais foram cancelados. Não teve nem esse negócio de jogar com os portões fechados. Nas escolas e universidades não teve solenidades de formaturas, nem cerimônias para recepção dos novos alunos.
Houve recomendações do governo para que o comercio fechasse mais cedo, e foram prontamente atendidos. Pediram também para que não visitassem parques em plena época dos sakurás, o que para os japoneses é estranho, pois é exatamente nesta época que muitas pessoas fazem pic-nics embaixo das árvores, pois diz a tradição que isso trás sorte.
Enfim, teve uma série de recomendações e todos foram cumpridos ao pé da letra. Mais recentemente, com o aumento das contaminações em grandes cidades, o primeiro ministro colocou 8 províncias (Tóquio, Osaka, Kanagawa, Chiba, Hyogo, Aichi, Saitama e Fukuoka) em estado de emergência. Foram solicitados que restaurantes, lojas, game center, lojas de conveniências, entre outras coisas, que fossem fechadas por no mínimo duas semanas. No dia seguinte não teve nenhum comércio funcionando. As multinacionais Mac’ donalds e Starbucks estão na lista de empresas que resolveram cooperar para tentar diminuir a contaminção.
Enfim, várias coisas mudaram, mas nada tão radical como proibir as pessoas de circularem. Tudo foi solicitado, mas nada foi imposto.
Em alguns lugares os grandes supermercados abaixaram as portas e deixaram o pequeno comerciante trabalhando porque entenderam que eles teriam mais dificuldades financeiras se parassem de venderem. Mesmo assim, as ruas estão praticamente desertas, e as aglomerações não existem mais.
Por isso, não entendi a reprimenda que levei dos amigos brasileiros. O que sei, é que eles disseram que na TV as coisas foram mostradas de maneira diferente.
Até o ontem (11/4) são 6920 pessoas contaminadas e 144 mortes, a maioria de pessoas idosas com problemas de saúde com diabetes, pressão alta ou enfisema pulmonar. Nenhuma criança ou jovem em idade escolar até o colégio foi contaminado ou morreu. Por enquanto apenas um homem na faixa dos 50 anos faleceu por estar fragilizado por outra doença. Enquanto que no meu Brasil e dos meus amigos, as mortes já chegam a 1.124 mortes e 20.727 contaminados segundo as últimas notícias. Pensando bem, a bronca quem tinha que dar era eu.

Cidade vazia

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