A vida aqui no Japão é muito corrida. Não é a toa que este país é a segunda maior potência econômica do mundo. Todos nós trabalhamos muito e por questões culturais, tiramos apenas alguns dias de férias por ano. Até hoje não vi ninguém emendar um feriado, muito menos folgar por trinta dias.
O trânsito de caminhões é por vinte e quatro horas, tudo muito organizado, fato que não escondem problemas terríveis.
Ninguém tem tempo para ninguém. É uma vida silenciosa, quase vegetativa.
São mais de trinta mil suicídios por ano e a tendência é que aumente. As campanhas governamentais não surtem efeito simplesmente porque o japonês é "cada um prá sí e Deus para todos". Cada um no seu mundinho, olhando apenas para os celulares ou escondidos atrás de livros, que nem sempre leêm.
A última moda foi colocar "ouvidores" espalhados pelas ruas portando cartazes oferecendo seus préstimos. São para aqueles que precisam desabafar, dizer o que sentem, mostrar que estão vivos.
Não sei como tudo isso funciona, pois não consigo me imaginar contando meus problemas para alguém que eu nunca ví, não conheço e não sei quem é.
Não sei também o que fazem esses "ouvidos" para atraírem os solitários. Será que não existe outro jeito para ajudar o pessoal que está com problemas na alma? Um país tão rico como esse não consegue encontrar nenhuma outra solução para as dores do espírito? Estranho, muito estranho.
Aqui você passa a ter certeza de que dinheiro não compra a felicidade.