Faz algumas semanas foi vendido no mercado de peixes de Tsukiji, em Tóquio, um atum de 269 quilos pelo valor de um milhão e trezentos e cinquenta reais (56.49 milhões de ienes).
O atum é o peixe mais consumido nos restaurantes de sushis e por isso seu valor é mais alto que as outras espécies. Foi capturado em Oma, na província de Aomori, no norte do país e um dos lugares afetados pela maremoto e terremoto que ocorreu em março do ano passado.
O comprador foi o dono da rede de restaurantes de sushis Kiyomura, que pertence a Kiyoshi Kimura, que além de ser rico, usou a imaginação misturando parte do seu nome e sobrenome para batizar seu negócio. O quilo da carne saiu por 210 mil ienes, ou seja, 2.750 dólares. Fazendo uma simples conta, já temos uma idéia de quanto sairá cada sushi que leva apenas 30 gramas de carne de atum. O restante envolve arroz, algum tipo de tempero e alga marinha.
Kiyoshi Kimura disse que pagou esse preço para ajudar o país, satisfazer seus clientes e mostrar que não podemos nos abater pelos problemas. Disse também que seu restaurante não cobrará preços exorbitantes pelos sushis por causa desse atum "milionário".
Parece que toda essa engrenagem que vai da pesca ao corte do animal vão ajudar também alguns brasileiros que trabalham nos frigoríficos específicos para peixes, pois é lá que são congelados e fatiados esses bichinhos. A diferença é que, apesar de lidar com iguarias caras, os dekasseguis nipo-brasileiros não fazem a menor idéia do que todo esse processo representa para a sociedade em geral, pois o negócio deles são apenas trabalhar, fazer horas extras e se possível, juntar um dinheirinho para o futuro. Acredito que se tivessem a consciência do quanto seus trabalhos são úteis, mudariam de postura, de mentalidade e partiriam para alguma especialização, mesmo que não seja no mercade de pescados.
Essa iguaria valiosa de Aomori e o arremate feito pelo senhor Kimura mostram apenas duas extremidades de um processo que envolvem dekasseguis brasileiros tão cheios de samba, futebol, esperteza e malandragem. Tirando o samba, onde será que estão as outras três qualidades?
Cortando maguro