O que todo estrangeiro sabe sobre o Brasil é que existe muita natureza, uma espécie de África mais civilizada, mulatas em fio dental, carnaval com feriado por uma semana, Airton Senna e o futebol pentacampeão. Legal é que eles estão certíssimos, apesar de não ser apenas isso. Mas como até agora ninguém, pelo menos oficialmente, se animou muito em mostrar outras qualidades tupiniquins, somos nós, os brasileiros que estão no exterior a exaltar as outras qualidades como a nossa música, que não é samba, é Bossa Nova.
A mais antiga "vendedora da boa imagem brasileira" é Lisa Ono, que além de cantar em português, interpreta músicas em japonês, inglês, italiano, francês e espanhol. Acho que não existe no Brasil uma cantora tão poliglota. E acho também que quase nenhum brasileiro ouviu falar dela. Então lá vai uma breve apresentação: ela é paulistana e chegou ao Japão com dez anos acompanhando sua família. Dizem que seu pai abriu um dos primeiros restaurantes em terras nipônicas com comida típica brasileira. Foi o Saci Pererê.
E parece que foi um sucesso.
Àguas de março
Estreou profissionalmente em 1989 com a musica "Your So Unique". Tem shows marcados para o ano inteiro apresentando-se nas melhores casas e com público bastante diferenciado quando se olha apenas à idade. Lá estão pessoas de 20 a 60 anos batucando imaginariamente ao som da Bossa Nova.
Eu cheguei a freqüentar o Bacana, que era uma churrascaria no oitavo andar em um prédio de Shibuya, com música brasileira ao vivo. Compareci inúmeras vezes com alguns jogadores e levei todos os nossos cinco goleiros para comer fraldinha e picanha. Eles ficaram tão embalados com a música e principalmente com o ambiente livre e alegre que se embebedaram com caipirinha de vodca e pinga.
Este mês ela fará uma apresentação próxima a minha casa, e lá estarei para conferir como será a reação do público quando o assunto é um Brasil que poucos conhecem.
Aliás, caipirinha os japoneses também não conhecem. Coincidência, né?