Beirada nipônica

Kazu, 45 anos, convocado para o Mundial de Futsal

28 out 2012 às 07:54

Apaixonado por futebol, Kazutoshi Miura chegou a Brasil com apenas quinze anos. Acompanhado apenas de seu pai saiu em busca de um clube para treinar. Esforçado e extremamente dedicado aos treinamentos conseguiu um lugar no XV de Jaú. De lá foi para o Coritiba e em seguida para o Santos. Foi o primeiro japonês bem sucedido a integrar uma equipe profissional. Quando entrava em campo a torcida ia à loucura porque o japonesinho era rápido, ousado e sem medo de cara feia. Passou bons sete anos em terras brasileiras e retornou ao Japão para participar da J.League. Com a camisa do Yomiuri Verdy foi bicampeão nacional e ídolo de todas as torcidas, até das adversárias.
Jogou na Croácia e na Austrália. Hoje, aos 45 anos ainda corre atrás da bola.
Ele diz que tudo o que aprendeu no futebol se deve ao tempo em que passou no Brasil. Tem tanta consideração pelo país de Pelé que em sua lua-de-mel levou sua esposa para conhecer Jaú, Curitiba e São Paulo. Esticou até outros pontos turísticos para mostrar à amada tudo o que o Brasil tem de bom.
Sonhava em disputar o Mundial de Futsal e humildemente solicitou ao treinador que o chamasse. Foi atendido e realizará seu sonho no próximo mês na Tailândia juntamente com os outros integrantes.
Esta semana, num jogo preparativo contra a Ucrânia marcou seu primeiro gol, e mesmo sendo o mais idoso e experiente da equipe mostrou oportunismo e determinação. Quando todos pensavam que Kazu apenas faria figuração entre os convocados, o veterano mostra a costumeira vontade de lutar e vencer.
O bacana é que tudo isso acontece sem nenhuma discriminação sendo que os demais atletas o tratam como verdadeiro ídolo.
Apesar de ser o maior ídolo do futebol japonês de todos os tempos, ele nunca disputou um mundial. Quando estava na melhor fase, foi cortado da seleção que disputaria o Mundial de 98 na França. O treinador responsável pelo corte nunca deu explicações sobre isso, mas os jornalistas que cobriam a seleção na época dizem que o jogador era mais experiente e exercia uma liderança maior que o técnico. Para não ser contestado em suas opiniões, Okada, treinador da época o dispensou.
Kazu nunca comentou absolutamente nada sobre o episódio, nem na época e nem agora. Coisas da cultura japonesa de manter o silêncio em momentos conturbados.

Primeiro gol do Kazu na seleção de futsal


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