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Japão passa pela Austrália

28 jun 2015 às 07:53

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Seu pudesse, gostaria de estar escrevendo alguma coisa bem positiva sobre a seleção brasileira. O problema é que faz alguns anos, acredito que todos nós, não temos muito que comemorar quando o assunto é o futebol brasileiro. O masculino foi eliminado pelo Paraguai na Copa América e as meninas deixaram a Copa do Mundo mais cedo perdendo para a Austrália.
A mesma Austrália que foi derrotada para as meninas do Nadeshiko Japan neste domingo por 1 x 0, num jogo que requereu muita paciência, pois a característica de passes curtos das japonesas às vezes fica monótono.
Até o momento consegui assistir todos os jogos da Copa do Mundo do Canadá, desde a fase de grupos, e percebi uma brutal elevação do nível técnico, físico e tático das equipes em comparação ao campeonato passado. E eu só consegui assistir todos esses jogos porque eles estão passando na televisão. Isso significa que para os japoneses, o futebol feminino é tão valorizado quanto o masculino, e esse valor precisam ser comemorados, pois é sabido que o Japão é um país que favorece muito mais os homens. Acho que tem muito de cultural nessa valorização, mas as coisas seguem evoluindo e as meninas/mulheres estão em alta.
Não tenho uma idéia totalmente formada sobre o assunto, mas me atrevo a pensar que o futebol feminino por aqui não sofre nenhum preconceito por parte da mídia e torcedores. As meninas são valorizadas e respeitadas pelo que fazem.
Interessante é que não sai uma linha sequer, em nenhum meio de comunicação, mencionando outra coisa que não seja sobre os aspectos esportivos das jogadoras. Não existem comentários sobre suas preferências sexuais, se são casadas ou solteiras, se trabalham ou apenas estudam. Os comentários são apenas sobre o futebol de cada uma delas.
Eu, particularmente, acho tudo isso um enorme respeito pela pessoa profissional. Noto que as envolvidas nas coberturas televisivas fazem questão de enaltecer as jogadoras, mostrando suas qualidades técnicas.
Durante os jogos as comentaristas são sempre mulheres, todas as ex-jogadoras, e as reportagens de campo também são apenas mulheres. Uma repórter acompanhada de uma ex-atleta para tecer comentários "in loco". Tudo isso acontecendo num país patriarcal, com funções bem definidas para os gêneros.
O selecionado japonês já está entre as quatro melhores (Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra são as outras equipes) e joga a semifinal na quarta-feira contra a Inglaterra.
Vale lembrar que o Japão é a atual campeã mundial e o time a ser batido. Não está entre as favoritas, assim como não esteve na Copa passada, mas tem chances de levantar o troféu novamente graças ao empenho, responsabilidade e consciências de suas atletas, sem dizer, mais uma vez, sobre o respeito que recebem da população.
População essa que aceita bem as escolhas pessoais, que não interferem na vida alheia e que não rotulam as pessoas pelas suas aparências. Logicamente ainda tem muita coisa para melhorar, principalmente em relação aos estrangeiros, mas já está dando para viver um pouco mais sossegado.

Melhores momentos entre Japão e Austrália

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