Beirada nipônica

Exportar o sistema educacional

12 set 2015 às 10:39

O sistema educacional japonês está entre os cinco melhores do mundo. As aulas são em período integral, e fora as matérias da grade curricular, os alunos podem escolher outras múltiplas opções para aprimorar o aprendizado. Essas matérias são extracurriculares e, portanto, são realizadas após o expediente. Não são aulas "normais" como as que são dadas nas classes de aulas. Os cursos normalmente são de artes, musica ciências e esportes. Alguns aprendem um pouco mais sobre plantios de frutas e verduras, outros aprimoram o talento treinando saxofone ou piano, e os "atletas" participam do tênis, vôlei, futebol, basquete, badmington, kendô, judô, etc.
Portanto, a grande maioria dos alunos fica em período integral, recendo orientações, aprimorando suas virtudes e ocupando o tempo com alguma coisa que poderá ser útil futuramente.
Alguns dias antes do reinício das aulas, que foi no dia primeiro de setembro, saíram diversas manchetes alertando os país e educadores sobre a quantidade de suicídios que ocorrem nos dias que antecedem ao primeiro dia de aula.
Nas TVs também saíram notícias sobre a quantidade de crianças que tiram suas próprias vidas por terem que voltar às aulas.
Uma NPO, órgão não governamental, que apóiam crianças que preferem ficar em casa a voltar à escola, chama os pais e filhos para uma conversa, evitando assim que os números de suicídios aumentem ainda mais.
Na semana que antecedeu o início das aulas, três meninos entre 11 e 14 anos tiraram suas próprias vidas. Um deles se atirou de uma ponte com 45 metros de altura, o outro se jogou em frente ao trem e outro saltou para a morte do apartamento onde morava. Todos deixaram um bilhete explicando as razões dos suicídios.
A NPO alerta, principalmente para os pais, que a vida da pessoa é mais importante do que ele ir ou não para a escola e, portanto, se o menino (a) quiser ficar em casa, que permitam que fiquem sem ficar colocando o famoso sentimento de culpa nas costas da gurizada.
Educadores especializados estão particularmente preocupados com a situação. Eles entendem que a pressão sobre as crianças precisa diminuir, e que a escola deveria ser um local onde as pessoas tenham prazer, e cheguem motivados.
Outra matéria que saiu na mesma semana por aqui é que o Japão pretende exportar o seu método de ensino para outros países, e que já existem vários governos que se interessaram pelo negócio. Esses países devem acreditar firmemente que o sistema, com algumas modificações regionais, possa alavancar um crescimento na qualidade do ensino local. Pensamento correto e que pode dar certo.
Então a pergunta que fica é: "se o sistema é bom, qual a razão para que os suicídios entre estudantes aumentem de maneira brutal na semana que antecede o início das aulas?".
A resposta pode ser que o sistema é bom, mas os educadores não. Outra forma de pensar pode ser que tudo esteja "robotizado", homogêneo demais, sem graça e sem encanto. Sem necessidade de chamar o aluno para opinar, estudando como numa fábrica automática de produzir peças, não dando margens para pensamentos e atitudes "diferentes".
As escolas são feitas para pessoas, e pessoas falam, choram, pensam e se movimentam. As máquinas automáticas são apenas automáticas. Uma incongruência saber que os alunos se matam para não irem à escola, enquanto que o governo quer exportar seu método de ensino. É verdadeiramente um país de contrastes.

Escola japonesa

Suicídio nas escolas


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