Estive num encontro com várias pessoas envolvidas com a educação e o esporte juvenil nas escolas japonesas. Isso tudo porque iniciamos um projeto original para acolher jovens que tenham interesses em esportes, mas que não se adaptam ao modo dos treinos e sistemas nas instituições. São aquelas crianças que possuem vontade e/ou aptidão, mas são deixados de lado pelos "treinadores" das escolas, muitos sem os conhecimentos básicos para exercer função tão importante.
Conversa vai, conversa vem, o assunto foi adiante até chegar à organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
Meus companheiros japoneses estavam estupefados pelo fato do Brasil conseguir atrair os dois eventos esportivos mais importantes do planeta. Perguntaram-me uma série de coisas sobre o "país do futebol, do samba e do carnaval". Isso mesmo. Ainda carregamos o estereótipo de ser um país sem grandes indústrias, pouca tecnologia e serviços a desejar. Pediram para falar sobre os planos de implantarem o "Shinkansen", da rede hoteleira, da infra-estrutura dos aeroportos, da malha rodoviária e da burocracia. Como dá para perceber, fiquei num mato sem cachorro, porque não queria passar a imagem de um Brasil desorganizado com atrasos nos organogramas das obras, mas não poderia dizer que tudo está correndo maravilhosamente bem, porque a Internet não me permitiria.
Entre tantas curiosidades, a pergunta que achei mais interessante, foi quando eles quiseram saber como e de que maneira surge o jogador de futebol brasileiro. Por que ele é diferente dos jogadores do resto do mundo? De onde vêm aquela esperteza e a criatividade que tanto sucesso faz mundo afora?
Pois é... As explicações foram longas, sempre baseadas nas minhas impressões pessoais e nas poucas coisas que li a respeito até agora. Acho até que fui convincente e causei boa impressão, sem necessidade de supervalorizar ou desvalorizar nada.
Se nesse aspecto satisfiz a curiosidade dos patrícios, num outro fiquei sem ação. Eles queriam saber se o Brasil está preparado para organizar dois eventos tão complexos. Contaram-me como foram as distribuições dos trabalhos para organizar a Copa do Mundo juntamente com a Coréia do Sul em 2002, as obras de infra-estrutura na malha ferroviária e as obras dos estádios. Naquela época estive presente em vários desses locais e vi de perto como tudo ocorreu.
Sei que o Brasil será capaz de organizar os dois eventos, só não sei será uma boa organização. Já li algumas vezes de que se até a África do Sul conseguiu organizar um Copa, o Brasil também conseguirá. A comparação que vejo está nivelada por baixo. O ideal seria comparar a organização das Copas no Japão/Coréia em 2002 e o da Alemanha em 2006.
Enfim, pelo que senti no final desses dias de conversas, propostas e planejamentos, foi de que os japoneses, e acho que muitos outros países, ainda duvidam se tudo correrá de acordo até o ano que vem nos início dos jogos.
E eu, ainda continuo sem uma explicação convincente sobre isso tudo.
Copa do Mundo 2002