Esta semana tivemos duas datas comemorativas muito importantes, e que deveriam ser festejadas com muita alegria e amor.
O dia 5 de maio é o dia dos meninos, e aqui no Japão, reza a tradição, hastear carpas em forma de bandeiras é uma forma de comemorar a data. São carpas estilizadas, leves e bem coloridas que ficam balançando ao vento. Casas onde as familias possuem meninos, hasteam os peixinhos para celebrar.
As carpas são o símbolo da força, resistência e perseverança. Elas conseguem viver em águas poluídas, com pouco oxigênio, nadam contra a correnteza e resistem às altas ou baixas temperaturas. Parece que não desistem facilmente da vida.
Já neste dia 8 de maio está sendo comemorado o dia das mães. Aí a festa é maior porque o simbolismo que representa uma mãe é forte e indescritível. Parece que nessa data, aqueles que podem, oferecem um almoço mais reforçado para as mães. Normalmente com os pratos preferidos dela. É uma data onde os filhos se reúnem, o que deve ser uma grande alegria para quem viu os pimpolhos crescerem.
As duas datas são ótimas e devem ser comemoradas até tarde da noite.
Aqui no Japão, apesar das datas serem comemoradas, de maneira discreta, existe uma preocupação que atinge todo o país. É que o número de crianças vem diminuindo ano após ano, e se continuar desse jeito, dentro de algumas décadas, poderá haver um colapso social inimaginável.
Algumas cidades já não possuem nenhuma criança, e outras estão apenas esperando que os meninos cresçam para fecharem as escolas.
Como uma criança não nasce sem uma mãe, a preocupação tem tudo à ver.
O outro lado das coisas, é que o número de mães também está diminuindo porque várias mulheres em idade fértil decidiram não ter filhos. A opção é totalmente aceitável, mas está causando algum estrago por esses lados.
Tenho que reconhecer que ter filhos no Japão é difícil. A cultura não ajuda muito e as mulheres é que precisam arcar com quase tudo sozinhas. Aos homens cabe trazer os dividendos para o sustento da família. Participar das tarefas escolares, da vida familiar está fora de contexto. Aqui as coisas são bem definidas, e assim, uma mulher que tiver filhos é mãe em tempo integral, já o homem que se tornar pai, não precisa ser pai o dia inteiro. Razão de muitas mulheres optarem por não casarem, e a consequência é os filhos não virem.
Além da cultura e dos afazeres bem definidos, educar um filho por aqui é caríssimo, e não são poucos os que estão deixando a escola por não conseguirem bancar os custos. A sociedade valoriza muito os estudos e quem estuda, mas nem isso tem segurado os alunos nas escolas. Os cursos são todos particulares, e não existe subvenção governamental para nada. Quem quiser estudar matérias extracurriculares precisa por a mão no bolso. Música, idiomas, esportes, artes... tudo é bancado pelas famílias.
Particularmente, não vejo uma solução aceitável a curto prazo, porque as coisas demoram para acontecerem. Existem debates e reuniões com os politicos envolvidos na bancada da educação, mas até hoje, nada de prático foi resolvido.
O resultado é a baixa taxa de natalidade por anos seguidos e a falta de vontade de casar, constituir uma família e ter filhos.
Independente desses problemas todos, precisamos comemorar.
Aos meninos muita saúde, força e que encontrem seus caminhos e suas parceiras. Às mães, nosso muito obrigado, pelo certo e pelo errado, pelo carinhos e pelas broncas. Que elas estejam sempre por perto, de maneira física ou espiritual.
Que tenhamos todos a consciência de que tudo nessa vida é importante, e que o passado e o futuro existem.
Koinobori