Beirada nipônica

Boinhas e luluzinhas

10 jul 2016 às 11:17

Ultimamente tenho visto muitos noticiários relatando casos de crimes contra adolescentes. A maioria desses crimes são contra meninas do colégio.
O sistema escolar do Japão é dividido em primário com seis anos de duração, o ginásio com 3 anos e colégio com mais 3 anos, dando um total de 12 anos antes de tentar o vestibular para a faculdade. Acontece que os primeiros seis anos, quando a criança é somente uma criança, tudo é levado na "brincadeira" e a interação entre os meninos e meninas acontece normalmente. No ginásio, já começa existir uma separação entre os sexos. O clube dos bolinhas e e das luluzinhas fica mais evidente. Olhares e comentários começam a acontecer.
No colégio, os alunos já maiorzinhos, passam a ter muitas dificuldades de interagirem com o sexo oposto, e a separação entre os gêneros fica bem evidente.
O problema é que nessa idade esses jovens passam a viver um mundo à parte. Um mundo onde o adolescente quer agredir, só para mostrar que são diferentes, que não aceitam o sistema do jeito que é.
A separação brusca de interação entre meninos e meninas, que acontece já no ginásio, parece criar uma barreira que não permite uma convivência harmoniosa quando esses jovens vão crescendo.
Os meninos não sabem como se aproximar de uma menina, as meninas também não sabem como agir com os garotos. Aí fica aquele negócio que acontece entre os animais, onde o macho abre suas plumas para mostrar sua beleza, e as fêmeas começam a se interessar pelo mais forte. O problema desse relacionamento é que não existe amizade, emoção, cumplicidade. É só um atrativo visual ou físico.
Esse comportamento vai sendo levado para a fase adulta, e em algum momento, deve criar uma frustração. Talvez no momento em que se descobre a superficialidade disso tudo, uma coisa de não conhecer o outro por dentro, saber dos seus valores, sonhos e intensões. A descoberta da sensação de não ser importante, de estar em segundo plano, de não ser adimirado, é que deve levar aos desajustes que tenho visto com tanta frequência. O "recalque" que vai sendo criado pela pouca importância das relações deve mexer com o emocional, e aí para uma agressão é somente um passo.
O clube dos bolinhas e das luluzinhas continuam vento em popa, e a falta de harmonia num relacionamento que pode ser somente de amizade, entre um menino e uma menina não acontece de maneira natural.
Resumindo, a distância que separa um homem de uma mulher por aqui é grande, tem um pouco de cultural, educacional e teimosia.
Eu sempre coloco um vídeo para "ornamentar" o que escrevo, mas dessa vez não encontrei um que ficasse de acordo, por isso, postei um vídeo do clube das luluzinhas, que foi o que entrei, mas acho que dará um noção do que tento dizer.
No mais, gostaria que as coisas mudassem, que a convivência entre esses jovens fossem saudáveis, com afeto, admiração e simplicidade. Que trocassem olhares, sorrisos e conversas sobre a vida. Por enquanto ainda não deu, mas vai mudar.

Luluzinhas exibidas


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