A produção de veículos segue em retomada, mas a preocupação com empregos permanece. De acordo com dados divulgados nesta sexta pela Anfavea (associação das montadoras), foram fechadas 1.484 vagas ao longo do mês de julho. O maior corte ocorreu na Renault, com 747 funcionários desligados.
De acordo com Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, houve 3.500 demissões ao longo da pandemia. Nos últimos 12 meses, cerca de 6.000 postos de trabalho foram fechados nas montadoras.
"Temos profissionais muito bem formados, mas a realidade é a realidade. Enfrentamos um novo momento de mercado, ajustes aconteceram nos últimos meses e podem ocorrer nos próximos", diz Moraes.
Leia mais:
Motocicletas se multiplicam sob o olhar mais atento da política
Acidentes com motos sobrecarregam o SUS e levam a perda de mobilidade, amputação e dor crônica
Saiba como funcionam os pedágios free flow no Brasil após regulamentação
Waze passa a receber alertas por voz via IA do Google
De acordo com a entidade que representa as fabricantes, foram produzidos 170,3 mil veículos no último mês, uma alta de 73% em relação a junho. Na comparação com julho de 2019, há queda de 36,2%. Os dados incluem carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.
No acumulado do ano, a produção caiu 48,3% em relação ao mesmo período de 2019.
Com a retomada da produção, as exportações também apresentaram recuperação em julho, com alta de 49,7% em comparação a junho. Contudo, com 148,7 mil unidades enviadas ao exterior no acumulado de 2020, há queda de 43,7% em relação ao mesmo período de 2019 -que já havia sido um ano ruim no setor.
Devido à pandemia da Covid-19, as montadoras trabalham em turnos com pessoal reduzido. O objetivo é manter o distanciamento na linha de produção e seguir os protocolos sanitários de segurança.
As vendas também seguem em recuperação. De acordo com os dados do último mês divulgados pela Fenabrave (entidade que representa os revendedores), foram emplacados 174,5 mil carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões. Houve alta de 31,4% na comparação com junho.
Em relação a julho de 2019, os licenciamentos caíram 28,4%.
No acumulado do ano, 983,3 mil veículos foram comercializados no Brasil. Em comparação aos sete primeiros meses de 2019, houve queda de 36,6%.
Impulsionado pelo agronegócio, o setor de veículos pesados segue com resultados melhores em relação aos automóveis leves. As vendas de caminhões cresceram 6,7% na comparação entre os meses de julho de 2019 e de 2020.
O setor de maquinário agrícola e implementos rodoviários percorre o mesmo caminho, com alta de 14,4% na comercialização no último mês em relação ao mesmo período do ano passado.
"O Plano Safra foi liberado, o que deu mais segurança ao produtor para comprar", diz Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Anfavea.
Os estoques seguem em queda, reflexo da alta nas vendas conciliado ao menor ritmo de produção. De acordo com a Anfavea, há carros suficientes para atender a 24 dias de comercialização.
Ainda à espera de um programa de auxílio governamental, as montadoras tentam, por meio da Anfavea, postergar a implementação de novas fases dos programas de controle de emissões e de segurança. A entidade afirma que as mudanças demandam investimentos de R$ 12 bilhões.
As empresas querem que a próxima etapa do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), que deveria vigorar a partir de 2022, seja adiada para 2025.