Todas as delícias das cidades de montanha: ar puro, boa comida, belíssima paisagem. De quebra, um artesanato que ficou famoso Brasil afora. Isso é Cunha, uma estância climática paulista junto à Serra do Mar, já quase no Estado do Rio.
O primeiro impacto é a Pedra da Marcela, um mirante natural de, literalmente, tirar o fôlego, erguido a 1840 metros de altitude. São três quilômetros íngremes que o visitante percorre a pé, depois de deixar o carro estacionado no final da estrada. O esforço vale a pena. Do topo, avista-se a baía de Ilha Grande e as cidades de Parati e Angra dos Reis. Do lado direito estão a Pedra dos Três Irmãos e o Parque Estadual da Serra do Mar. À esquerda fica a Serra da Bocaina.
Com uma população de um pouco mais de 20 mil habitantes, a Estação Climática de Cunha, localizada a 220 km da capital paulista e a 45 km das cidades de Guaratinguetá (SP) e Paraty (RJ), reserva aos seus visitantes surpresas guardadas desde o século 18.
A cidade - última parada da Estrada Real no Caminho do Ouro, que leva ao porto de Paraty (RJ) -, é um mergulho na história. Além da arquitetura composta por calçamentos e muros intactos do século 18 em meio à mata fechada, Cunha foi palco de outra página importante da história, a Revolução de 32. Neste ano houve uma grande batalha entre as tropas constitucionalistas e as tropas federais, onde morreu Paulo Virgínio, pracinha da revolução, que hoje tem um monumento localizado à margens da Estrada Cunha–Paraty.
Cidade dos fuscas (um para cada 13 cunhenses) e situada entre as Serras quebra Cangalha, Bocaina e do Mar, Cunha é circundada por montanhas, araucárias, áreas preservadas de Mata Atlântica. Para os aventureiros, trilhas para caminhadas e moutain bike, cavalgadas, cachoeiras. O cultivo de shiitake e shimeji, criação de búfalos, caprinos e ovelhas, também caracterizam a cidade, um paraíso que encanta os olhos e a alma.
Duas reservas protegem a natureza caprichosa que emolduram a região - o Parque Estadual da Serra do Mar e o Parque Nacional da Serra da Bocaina, ambos com trilhas variadas e muitas cachoeiras. Há ainda a Pedra da Macela - pico mais alto de Cunha com 1.850 metros de altitude. Lá de cima a vista panorâmica é das baías de Angra dos Reis e Parati em meio a recortes formados por serras e valem que mais parecem pinturas.
Para os adeptos do trekking, as caminhadas costumam ter um charme a mais caso as opções sejam as históricas Trilha do Ouro e Estrada Real. Ambas foram abertas no século 18 e são apinhadas de cachoeiras e vista para o mar. A primeira tem um percurso de 45 quilômetros - feito em três dias - que era usado como alternativa para levar o ouro extraído em Minas até o litoral sem pagar o imposto cobrado na via oficial. Já o trecho que ainda existe da Estrada Real era utilizado pelos escravos e pode ser percorrido em quatro horas.
Além do contato com a natureza, Cunha oferece ainda um belíssimo artesanato produzido nos vários ateliês de cerâmica espalhados pela cidade. Alguns utilizam a técnica oriental dos fornos noborigama, construídos com tijolos refratários e capazes de produzir um calor de até 1.400 graus. Os efeitos coloridos e manchados nos vasos, pratos, luminárias e esculturas são produzidos por chamas que não são controladas pelos artesãos, o que torna o resultado do trabalho uma incógnita até mesmo para os artistas. A surpresa virou uma das atrações da cidade nas datas marcadas pelos ateliês para abrirem seus fornos.
Acesso
A cidade de Cunha está a 220 quilômetros de São Paulo. São 173 quilômetros pela Via Dutra até a entrada para Guaratinguetá, onde começa a SP-171 ou Guaratinguetá-Cunha. Por essa estrada, são mais 48 quilômetros até chegar à cidade.
Vias de Acesso – Rodoviário
Opções de acesso à cidade:
Eixo Norte: Rod. Guará-Cunha/Rod. Paulo Virginio
Eixo Sul: Rod. Cunha-Paraty/Rod. Salvador Paceti
Eixo Leste: Rod. Cunha-Campos Novos
Eixo Oeste: Estrada Municipal do Jaguarão