Se a Rio+20 não alcançou os resultados esperados quanto a medidas concretas em prol da sustentabilidade, ao menos mostrou a capacidade do Rio de Janeiro em receber os 110 mil visitantes que estiveram na cidade durante os dez dias da Conferência e geraram um rendimento extra de R$ 274 milhões ao setor turístico. "A cidade não precisa mais testar. Ela já está sendo testada e está passando no teste", avalia o secretário de Turismo, Pedro Guimarães. Redução na taxa de criminalidade, trânsito inferior às médias históricas e ampliação das operações de atendimento ao turista foram alguns dos saldos positivos deixados pela Conferência para a cidade.
Embora os quase 1,2 mil deslocamentos de comitivas e o aumento do fluxo de veículos fretados, além das diversas manifestações, tenham provocado congestionamento em alguns pontos, a cidade registrou trânsito abaixo da média histórica do município, com redução de até 27% do tempo de deslocamento em alguns locais. Resultado não só de estratégias implementadas pela CET-Rio, mas também da adoção de ponto facultativo nos três últimos dias da Conferência.
Houve pontos positivos também na área de sustentabilidade, especialmente em uso de biocombustíveis e gestão de resíduos. Dos 380 ônibus fretados em circulação, 31 deles (8%) funcionaram com combustíveis alternativos. A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e as cooperativas de catadores realizaram a coleta seletiva de quase um terço das 144 toneladas de lixo recolhidas nos eventos oficiais e paralelos durante os dez dias da Conferência - isso numa cidade que recicla menos de 1% de todo o seu lixo produzido.
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As regiões onde ocorreram atividades ligadas à Rio+20 registraram quedas bruscas nas ocorrências de homicídio doloso (quando há intenção de matar), roubos de veículos e roubos de rua durante o evento em comparação ao mesmo período de 2011. No caso de homicídio, houve uma redução de até 80% na comparação entre os dois períodos. A área de monitoramento diário das estatísticas englobou 18 delegacias da cidade na região central, na zona sul, no aeroporto internacional e nos bairros da zona oeste onde houve grande circulação de delegações. A principal causa para essa queda, apontam especialistas, foi o superpoliciamento nessas áreas: cerca de 20 mil homens das Forças Armadas e das polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil e Militar estavam envolvidos no esquema de segurança da conferência.
"Apesar de o Rio estar um canteiro de obras, a cidade respondeu muito bem", ressaltou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ), Alfredo Lopes. A rede hoteleira, que obteve índice de ocupação de 95%, terá 10 mil novas vagas em 36 novos empreendimentos até os Jogos Olímpicos de 2016. A Abih estima que serão criados mais de 40 mil postos de trabalho diretos e indiretos até lá. "Muitos destes postos estão voltados à construção de hotéis, mas no futuro eles precisam ser qualificados para a operação do hotel, e esse é um desafio grande", avalia Lopes. A defasagem na capacitação no setor turístico foi sentida especialmente pelos estrangeiros. Embora tenha prestado atendimento a mais de 260 mil pessoas nos 16 postos de informação montados pela cidade, a Riotur pretende sanar um dos principais problemas enfrentados na Rio+20: a ausência de atendentes bilíngues.
Ainda neste ano será ampliado o programa municipal Rio Hospitaleiro, que em 2011 capacitou 3 mil pessoas. De acordo com Guimarães, a ideia é oferecer treinamento não só ao setor hoteleiro, mas também a garçons, taxistas, policiais, guardas municipais e garis. "Vamos focar especialmente nos atendentes de serviço público, que estão na ponta, para que a cidade esteja pronta para mostrar sua capacidade de receber bem e com qualidade".