Como dizia o músico Tom Jobim, "morro pede passagem, morro quer se mostrar". E os turistas, principalmente estrangeiros, estão ansiosos para conhecer, se hospedar e interagir com os moradores das favelas do Rio de Janeiro. O movimento nas comunidades deve crescer ainda mais com o aumento do número de turistas para a Copa do Mundo. Apenas a capital carioca deve receber 554 mil turistas durante o Mundial, de acordo com estudo do Ministério do Turismo. Parte deles se interessa em conhecer, se hospedar e interagir com os moradores das favelas.
A rotina do turismo em favelas cariocas está retratada no documentário Em Busca de um Lugar Comum, que será exibido este mês em três sedes da Copa: Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. O filme, dirigido por Felippe Schultz Mussel, retrata os 12 passeios realizados por empresas e guias locais na Comunidade da Rocinha em 2011, antes da implantação da Unidade de Polícia Pacificadora. "O homem contemporâneo tem desejo do real. Ir ao Rio de Janeiro e visitar somente o Pão de Açúcar e o Corcovado já não basta. Os turistas estão em busca de algo mais", disse Mussel.
A experiência atende ou supera as expectativas da maioria (78,9%), de acordo com pesquisa do Ministério do Turismo, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, realizada com 400 turistas que visitaram o Morro Santa Marta, em 2012. Segundo os moradores da favela de Santa Marta, a vista privilegiada, a alegria e a hospitalidade do povo aparecem entre os principais atrativos das favelas, revela o estudo do MTur. Mais da metade (57,2%) dos visitantes recomendaria a visita ao morro.
O estudo revelou, ainda, o potencial econômico da atividade na comunidade, por meio da qualificação e do empreendedorismo. Atualmente, a maioria (81,4%) dos estrangeiros gasta até R$ 10, sendo que 61,4% tiveram um gasto máximo de R$ 5. Entre aqueles que não compraram nada, quase metade (40,6%) considerou a oferta de produtos pequena.