A Unesco publicou na última semana um relatório sobre a situação de todos os patrimônios da humanidade. Nele, adverte que o Parque Nacional do Iguaçu, no Oeste do Paraná, poderá voltar a ser listado como área em perigo, como aconteceu em 1999 com a abertura da chamada Estrada do Colono.
As ameaças mais graves apontadas pelo relatório são o início da construção da Hidrelétrica de Baixo Iguaçu, a apenas 500 metros dos limites do parque, e a possibilidade de reabertura e asfaltamento da Estrada do Colono, cortando a porção mais conservada do parque. A obra da usina já está acontecendo e afeta diretamente o Rio Iguaçu acima das cataratas, que é o maior atrativo da região e a maior justificativa para seu tombamento mundial. É parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
A Unesco pede ao Brasil garantias de que a Estrada do Colono não será reaberta e a interrupção imediata da obra da usina até que seja realizado um estudo detalhado dos impactos sobre os valores tombados.
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O órgão expressa ainda forte preocupação com o fato do projeto de lei para reabertura da estrada do Colono mudar a lei geral sobre as unidades de conservação do país, permitindo a construção de estradas em outras unidades, incluindo as tombadas como patrimônios naturais da humanidade.
Caso o Brasil não atenda a essas recomendações até 2015, o Parque do Iguaçu voltará para a lista vermelha dos sítios de patrimônios mundiais ameaçados.
A ONG WWF-Brasil compartilha totalmente das preocupações da Unesco. O processo de construção da usina em si já constitui uma ameaça direta ao Parque Nacional e ao Rio Iguaçu e é imprescindível garantir a mitigação dos principais impactos e medidas de compensações para que haja no longo prazo um saldo positivo para a unidade de conservação e seu entorno imediato, com a restauração de conectividade ecológica, entre outros. Já a reabertura da Estrada do Colono, em pauta para votação no Senado, irá criar novas ameaças sobre o conjunto das unidades de conservação em todo o país.
Para o WWF-Brasil, é essencial que se construam soluções permanentes, no longo prazo, para superar esses conflitos. Isso significa criar uma sinergia positiva entre o Parque Nacional do Iguaçu e as economias locais, com atividades sustentáveis, envolvendo todos os municípios do seu entorno.
Primeiro sítio do Patrimônio Natural da Humanidade no Brasil, reconhecido pela Unesco em 1986, e abrigo de uma das Nove Maravilhas Mundiais da Natureza, as Cataratas do Iguaçu, o Parque Nacional do Iguaçu protege um dos últimos grandes remanescentes de Mata Atlântica do país e recebe mais de 1,5 milhão de turistas brasileiros e estrangeiros por ano.
Clique aqui para acessar o relatório na íntegra.