O Brasil tem 30 mil quilômetros de ferrovias que cortam o país de Norte a Sul e hoje operam principalmente no transporte de cargas. Em alguns trechos, no entanto, ainda circulam trens de passageiros que podem ser uma boa opção para se ver o país de uma perspectiva diferente, viajando por paisagens do interior, de serra, da Amazônia, de remanescentes da Mata Atlântica, conhecendo cidades e pessoas cheias de histórias.
Nesta aventura pelo país podem ser explorados percursos de longa distância nas únicas ferrovias que ainda fazem o transporte regular de passageiros: a Estrada de Ferro Vitória a Minas, que liga a Belo Horizonte à região metropolitana de Vitória (ES), e a Estrada de Ferro Carajás, de São Luis (MA) até Parauapebas, sudeste do Pará.
São percursos de até 16 horas de viagem, que podem ser reduzidos, de acordo com a vontade do viajante, já que os trens percorrem dezenas de estações que podem servir de ponto de partida ou de chegada. As duas são operadas pela Companhia Vale.
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Os aventureiros de plantão ou mesmo os nostálgicos, que cultuam a memória do trem, têm na Estrada de Ferro Vitória a Minas um prato cheio. Saindo da capital mineira se chega ao litoral, na grande Vitória, depois de percorrer 664 quilômetros, vencidos em cerca de 13 horas. Há opções de viagem nas classes executiva - com ar condicionado - ou econômica. Para atendimento aos passageiros, vagões lanchonete, restaurante e carro exclusivo para portadores de necessidades especiais, além de serviço de bordo em todos os ambientes.
O trem transporta 1 milhão de passageiros por ano, dos quais 60% viajam a passeio. "Em média há um aumento de 37,5% na quantidade de passageiros durante o período de férias, chegando a 110 mil pessoas por mês, quando a empresa disponibiliza toda a frota de vagões em composições que chegam a ter qautro carros da classe executiva e 11 da classe econômica", explica a assessora de Relacionamento com a imprensa da companhia Vale, Elaine Vieira.
Da capital maranhense São Luís até o Pará, a viagem é um pouco mais longa. O trem percorre 892 quilômetros em cerca de 16 horas e passa por 25 localidades, em um sobe e desce de passageiros. A cada viagem são transportados 1,3 mil passageiros nas classes executiva e econômica em trens recém modernizados com vagão restaurante, ar-condicionado, televisão, ambulatório.
Dá para fazer somente o trajeto de ida, descendo em Parauapebas ou um pouco antes, em Marabá, município servido por aeroporto com oferta de voos para São Paulo. Conhecer São Luís, cujo centro histórico é patrimônio mundial da humanidade, é programa obrigatório nesta jornada com incursões pela Amazônia Legal.
Quem quiser um roteiro mais light, o Trem da Serra do Mar Paranaense, com 130 anos de história, é sob medida. Pela janela, pode se observar uma das maiores áreas preservadas de Mata Atlântica do país.
São aproximadamente três horas de viagem pelos 110 quilômetros que ligam diariamente a capital Curitiba a Morretes, cidade histórica, onde é obrigatório fazer uma parada estratégica para apreciar o barreado, prato típico paranaense, a base de carne cozida em panela de barro.
É nesta ferrovia centenária do Paraná que circula também o único trem de luxo do país, um charme do turismo ferroviário comparável à de circuitos europeus. Tanto que o passeio pela Serra do Mar foi apontado pelo jornal americano The Wall Street Journal como uma das três viagens ferroviárias de luxo mais bonitas do mundo.
Antes de se aventurar pelos trilhos, é importante consultar as companhias responsáveis pelas viagens para que não haja surpresas como trechos interrompidos para manutenção ou suspensão temporária da viagem. Além destas viagens mais longas, em todo o país há oferta de trens turísticos e culturais que ligam cidades históricas e resgatam momentos importantes da história do Brasil.