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Alimentação na praia: todo cuidado é pouco

14 jan 2010 às 11:31

Durante os 10 dias em que a família de Dirce Almeida ficará em Caiobá, o cuidado com a alimentação vai ser grande. Isso porque são 25 pessoas, incluindo crianças, que passarão as férias de verão na mesma casa. ''Não dá pra comprar comida na areia. Tomamos muito cuidado com isso'', garante Dirce. Por isso, ela e a tia Orlanda Camargo preparam sucos e levam frutas em um isopor para à beira do mar. Elas ainda limpam os produtos antes do consumo com água trazida de casa. Mas, às vezes, bate uma vontade e não dá para resistir. Quando isso ocorre, elas procuram comprar de quem confiam. ''Já conheço o senhor que vende tapioca e sei que ele tem cuidados com os ingredientes e os materiais que usa'', explica.

O ''senhor que vende tapioca'' é Isvalino Leandro, que trabalha ao lado da mulher, Espedita de Souza. Por dia, o casal vende aproximadamente 200 tapiocas. O segredo de todo esse sucesso está no cuidado em que o casal prepara e armazena os produtos. Uma toalha serve apenas para enxugar as mãos. Outra é usada para as panelas. Eles mantêm no gelo o presunto, o queijo e o frango, todos dentro de isopores separados. O mais interessante é uma torneira criada por Leandro. Ela auxilia na higiene do carrinho que percorre todos os dias as areias de Caiobá.


Porém, nem sempre esse cuidado é visto em todos os vendedores ambulantes. O turista tem opção de comer sanduíche natural, sorvete, milho, churros, pastel, coquetel de frutas, camarão frito e espetinho de frango, coração, carne e queijo, tudo vendido na areia. Mas como esses alimentos foram preparados? É pensando nisso que o personal trainer de Campo Grande (MS), Diego Carvalho, aconselhou a família da namorada a levar para a praia frutas frescas, como bananas e maçãs. Frituras estão autorizadas apenas em restaurantes que confiam. ''O milho assado costumamos comer, mas é só'', explica.


Temperatura ideal


Produtos à base de proteína, como carne e pescado, são mais perecíveis e o cuidado deve ser dobrado. A temperatura na qual o produto foi armazenado pode ser o problema. Segundo a nutricionista de produção do Hospital de Clínicas de Curitiba Jane Coracini, carnes podem ficar por 72 horas ao calor de até 4 graus. Já o pescado suporta apenas 24 horas na mesma temperatura. Portanto, é melhor evitar esse tipo de alimento na areia da praia para evitar problemas para o resto das férias.


A profissional indica que a melhor forma de combater bactérias nos alimentos é produzi-los em casa. ''O ideal seria levar frutas frescas e sanduíches em um isopor com gelo. As frutas devem ser lavadas antes do consumo, inclusive a casca da banana, pois criança não costuma ter muito cuidado no manuseio do alimento'', explica. O sanduíche deve ser consumido no prazo de até duas horas depois do preparo.


As bebidas também exigem atenção. Mesmo se a lata de refrigerante ou cerveja estiver gelada no isopor do vendedor, é difícil saber se o local estava limpo. Nessa hora, o guardanapo de papel é um poderoso aliado. Também é aconselhável limpar a abertura da lata com água ou álcool. ''Tem gente que acha isso um exagero, mas não é'', aconselha a nutricionista. Jane também sugere que o produto seja consumido com canudinho, para evitar que se coloque a boca no próprio recipiente. ''O ideal é consumir toda a bebida na hora e não guardar para tomar depois. Isso evita uma possível contaminação''.


Além de não ser recomendada para consumo no verão, a fritura também merece atenção dos consumidores. A nutricionista avisa que é necessário ver a cor do óleo em que o alimento será frito. Se ele estiver muito escuro, formar espuma ou sair fumaça, é necessário jogar fora e fritar com óleo novo. ''A temperatura máxima é de 180 graus. Mais que isso o óleo produz substâncias tóxicas que contaminam a comida'', diz Jane.


Alimentos industrializados


A diarreia é um dos principais sintomas de quem foi vítima de contaminação por alimentos ou líquidos infectados. Se a pessoa esperar que problema intestinal acabe sem procurar ajuda médica, o quadro pode evoluir para febre, desidratação, vômitos e até morte. Por isso, beber bastante líquido e procurar um hospital é fundamental para quem apresentar um dos sintomas citados.


Outra dica da nutricionista é prestar atenção no vendedor do produto. Ele deve estar com avental, cabelo preso, mãos limpas e, de preferência, que a unha não esteja pintada. ''Se houver sujeira na unha o esmalte esconde'', alerta. Esse cuidado serve para evitar a contaminação na hora de o vendedor manusear o produto.

Os famosos salgadinhos ou bolachas industrializados não são os alimentos ideais para o verão, mas, em último caso, acabam sendo a melhor opção, se comparados com outras comidas oferecidas na orla.


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