Patrimônio histórico e natural, o Caminho do Itupava, na Serra do Mar do Paraná, foi aberto entre 1625 e 1650 sendo, por quase três séculos, o único caminho entre o litoral do Estado e a região de Curitiba, vencendo rios encachoeirados, montanhas escarpadas e a mais densa floresta. As informações históricas são contraditórias, algumas fontes dizem que o caminho foi aberto pelos portugueses, outras por caçadores, outras por índios e escravos. Mas todos concordam na importância desse caminho que até hoje conduz aventureiros e amantes da natureza.
Percorrer os 22 km de trilha do Itupava é como entrar na máquina do tempo onde a história se apresenta em cada pedra, mas não é este o maior motivo da aventura: o que realmente conta é o contato íntimo com a natureza da Serra do Mar. Riachos de águas límpidas, árvores gigantescas, bromélias e orquídeas das mais variadas espécies, borboletas multicoloridas, pássaros, pequenos animais, grandes cachoeiras, paisagens de perder o fôlego e o prazer indescritível de caminhar na mata fresca e sombreada.
A trilha ainda conserva intacto o calçamento original e o caminho é facilmente transitável da atual Borda do Campo, no município de Quatro Barras, onde se inicia no ponto final do ônibus, passa ao lado das ruínas da Casa Ipiranga e cruza a ferrovia. Segue bem preservado até novamente cruzar a ferrovia no santuário do Cadeado, nascendo a meio caminho uma trilha a esquerda que leva à represa, à estação do Véu da Noiva e à cachoeira homônima.
Lago e represa do Véu de Noiva
A trilha continua abaixo do santuário passando por uma grande clareira, onde se fazia as cobranças dos impostos e encontra a estrada pouco abaixo da estação Engenheiro Lange, daí continua margeando o Rio Nhundiaquara pelas prainhas, onde ainda se conservam muitos pequenos trechos calçados, até a estrada da Graciosa (PR-411) no Porto de Cima, já em Morretes.
Com 16 km recuperados através de ações como a desobstrução e recuperação de sistemas de drenagem, levantamento e zoneamento arqueológico, limpeza e recomposição do calçamento e a construção de 7 passarelas de madeira e 3 pontes no estilo semi-pêncil, o Caminho do Itupava atravessa 3 unidades de conservação: a Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi e os Parques estaduais Pico Marumbi e Serra da Baitaca.
Casa do Ipiranga
Uma das atrações do Caminho do Itupava são as ruínas da Casa do Ipiranga, símbolo da construção da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá. Mas o que hoje são apenas ruínas, já foi uma bela obra arquitetônica. Utilizada como apoio aos engenheiros e trabalhadores da histórica ferrovia inaugurada em 1885, a casa foi abandonada em 1995 depois da privatização da estrada.
Com arquitetura e mobília clássica, a casa também serviu como posto de telégrafo, local de hospedagem e centro de reuniões dos funcionários da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). Localizada à margem da ferrovia, está encravada dentro do Parque Estadual da Serra da Baitaca. O imóvel pertenceu a RFFSA até a sua privatização, depois de posto a leilão. Neste tempo todo, por estar em local de acesso público em meio a Floresta Atlântica, a casa sofreu a ação de pessoas que roubaram os materiais e destruíram a ponto de restarem apenas as paredes fortificadas com trilhos de trens.
Assim foi a casa do Ipiranga...
Toda em alvenaria de tijolos sobre um sócolo de pedras, em seus anos áureos a casa possuía sala de estar com lareira, sala de jantar, cozinha e banheiro no térreo. Três dormitórios e outro banheiro no pavimento superior enquanto no porão ficavam armazenadas algumas ferramentas. Nos fundos, num apêndice construído posteriormente ficava uma sala de jogos e confraternização toda envidraçada ao lado da grande piscina com fundo em declive alimentada de água corrente. A pouca distância fazia ainda parte do conjunto uma pequena estufa construída com trilhos e a residência do caseiro.
Outras atrações
Além das ruínas da casa Ipiranga, o Caminho do Itupava reserva para seus visitantes belas atrações como o Morro do Anhangava, Morro do Pão de Loth, Estrada de Ferro, Véu da Noiva, Pico e Garganta do Diabo, Santuário do Cadeado, Pico do Marumbi, Cachoeira Salto dos Macacos, Porto de Cima, Prainhas e Boia-cross.
Santuário do Cadeado
No site especializado em turismo de aventura Alta Montanha, é possível obter mais detalhes sobre o roteiro.
Dicas
Para descer o Caminho use roupas leves e confortáveis e calçados com sola aderente. Leve lanterna, pilhas, agasalhos, estojo de primeiros socorros, protetor solar e repelente.
Como chegar
Ônibus - No Terminal Guadalupe, em Curitiba, pegue o ônibus para Quatro Barras, e depois o ônibus Borda do Campo, a trilha começa no ponto final do ônibus.
Carro - Siga sentido Quatro Barras pela BR116 e depois para Borda do Campo, de Curitiba ao início do Caminho são aproximadamente 40km. (Fontes: Alta Montanha, Trilha do Brasil, Defender – Defesa Civil do Patrimônio Histórico e Faça Trilha)