Um dia após a Câmara de Veneza ter aprovado a instalação de um sistema para "contar pessoas" em pontos estratégicos da cidade, uma outra medida, mais polêmica, para controlar o fluxo de turistas que chegam diariamente no município foi discutida nesta sexta-feira (28): o da criação de um ingresso para se entrar na Praça San Marco.
Ter que comprar um ingresso para poder entrar em um dos locais mais famosos da cidade, reservando uma data e um horário com antecedência, é "uma eventualidade que existe, não para breve, ou seja, em um percurso que [ainda será] definido", disse a assessora municipal para o Turismo, Paola Mar, à ANSA. "San Marco é uma área monumental. Estamos validando também a proposta de uma entrada limitada na área, com eventuais ingressos, verificando que devido ao perfil técnico e jurídico é possível", explicou a italiana.
As primeiras experiências de um "número fechado" para a região da praça poderão entrar em vigor já no próximo verão europeu. No entanto, ainda não há uma confirmação de data ou se realmente haverá um ingresso para limitar a entrada de turistas.
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A ideia do ticket é apenas uma das 23 propostas de projetos feitas por associações, sindicatos e cidadãos ouvidos nos últimos meses por comissões municipais para conseguir regular o fluxo de turistas de Veneza. Mar também ressaltou que a decisão de fechar a praça em determinados dias ou faixas horárias só acontecerá depois "de um percurso acertado com todas as instituições e realidades envolvidas na administração da área".
Em uma das propostas que envolvem o ingresso está a de Marco Scurati, veneziano de 48 anos ex-dirigente da Telecom que atualmente trabalha com turismo e que afirma que sua ideia conseguiria diminuir 4 milhões de turistas por ano na cidade. Segundo ele, a ideia é a de cobrar 5 euros por ticket que, multiplicado por uma estimativa baixa de 12 milhões de turistas que deverão visitar o local por ano, deve trazer cerca de 60 milhões de euros para os cofres do município.
De acordo com seu plano, o "número limite", e consequentemente o ingresso, não seriam destinados aos moradores da cidade e das ilhas, que têm o direito de circular pela praça livremente, nem aos turistas que têm reservas de hotéis no município, que, segundo ele, ajudam no comércio e no turismo local.
Para Scurati, a medida focaria principalmente nos turistas que fazem paradas de menos de um dia em Veneza, descendo de navios de cruzeiros por apenas algumas horas e fazendo da cidade um caos. Segundo o italiano, essas pessoas "não trazem benefícios pelos custos extra de serviços" e fazem com que seja impossível "se movimentar pelas ruas", o que não é bom nem para eles, já que não conseguem conhecer a cidade de maneira certa.