O turismo rural vem despertando a curiosidade dos viajantes que visitam Gramado (RS). A bordo da charmosa Princesinha, ônibus característico da década de 50, os caminhos de terra beirados por lenhas de eucalipto composta, ao fundo, por paisagens serranas, complementam o trajeto com destino às propriedades dos colonos. A degustação de comidas típicas, curiosidades culturais de herança europeia e a vivência, mesmo que por algumas horas, da rotina dos agricultores estão entre itens que agregam uma nova experiência na bagagem do turista.
O fortalecimento e a consolidação do agroturismo na cidade tem o apoio do Ministério do Turismo. Em 2013, por meio do programa Talentos do Brasil Rural, o MTur capacitou empreendimentos da agricultura familiar para incluir produtos de fabricação caseira e serviços no turismo brasileiro. Hoje, no Brasil, mais de 20 famílias são diretamente beneficiadas após terem sido incluídas em circuitos turísticos de sua região.
A Agência de Notícias do Ministério do Turismo está na cidade para acompanhar o revezamento da Tocha Olímpica e aproveitou para explorar roteiros que valorizam as riquezas do interior gramadense:
O Quatrilho - Após percorrer uma estrada (de terra e brita, muito bem conservada) rodeada por araucárias, plantação de erva marte, de parreirais italianos e alemães chega-se às localidades de Campestre do Tigre e Tapera. Na primeira parada o proprietário, quase centenário, Celeste Lazaretti recebe o grupo em meio a sua plantação de uvas e kiwis. Há degustação de vinho colonial e da graspa, a cachaça da uva. Na sequência, uma volta ao tempo na propriedade da família Grins te leva a conhecer as terras onde se passou a história real do clássico O Quatrilho. A igreja onde foi realizado o casamento dos protagonistas do romance e o túmulo onde foram enterrados, também estão localizados ali. Antes de chegar à última propriedade, o motorista da Princesinha faz a parada no Morro da Polenta que, com 900 metros de altura, se torna mirante para fotos da serra gaúcha.
Na parada final, ao entrar na casa da família Ramm, um som tocado por um sanfoneiro anima o lanche servido com um farto café colonial. Os quitutes salgados são preparados por seu Ingo, de 80 anos, e, bolo doce e biscoitos de tradição alemã estão sob a responsabilidade da mulher Isolde. Com 78 anos, ela conta que receber as pessoas em sua casa é o que a faz feliz. "O agroturismo é uma motivação que me mantém viva, onde posso repassar as origens e culturas da minha família", revela. Ela ainda aconselha, " Não deixe de provar o tradicional doce de maçã com nata". E assim se encerra o passeio, rumo à estação inicial no centro da cidade.
Em plena expansão na região, o agroturismo de Gramado é hoje fonte de renda para os colonizadores nativos. O passeio é, sem dúvida, marcante e, a vontade é passar horas nas pequeninas casas de madeira ouvindo curiosidades de época.
* Por Deborah Domenici