No dia 28 de abril de 1909, por volta das 11 horas, Santos assistia à viagem inaugural dos bondes eletrificados, que colocava o município em sintonia com o que havia de mais moderno em transporte coletivo no mundo. O percurso, partindo do atual Centro Histórico até São Vicente, via praia, foi concluído por seis veículos em 48 minutos, transportando autoridades políticas e convidados, alguns ilustres como o pintor Benedicto Calixto e o sanitarista Saturnino de Brito.
No dia 28 de abril de 2009 (terça-feira), por volta das 11 horas, após homenagem a ex-funcionários, exposição fotográfica e apresentação de chorinho, quatro unidades e reboque partiram da Estação do Valongo rumo ao Outeiro de Santa Catarina e à Praça Mauá, no Centro Histórico. Tratava-se da entrega do primeiro trecho da ampliação da Linha Turística de Bonde, que passará de 1,7 km para 2,9 Km. Além desse 1,2 Km inicial, a meta da prefeitura é atingir 5 km. O evento faz parte da programação para comemorar o centenário da implantação do bonde elétrico na cidade.
Desativados em 1971, esses veículos só voltaram a funcionar em 23 de setembro de 2000, quando foi implantada a linha turística do Centro Histórico, com 1,7 km, por onde circulou o exemplar escocês de prefixo 32. Em seguida, mais um escocês foi recuperado, assim como um reboque. Desde aí, o passeio de 15 minutos, que conta com acompanhamento de guia de turismo e contempla importantes pontos históricos, já foi realizado por 830 mil passageiros. "A nova geração vem matar a curiosidade e os mais velhos vêm matar a saudade", comenta o prefeito João Paulo Papa.
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O passeio pode ser realizado de terça a domingo, feriados e pontos facultativos, das 11h às 17h. O bilhete custa R$ 1,00, sendo gratuito para menores de cinco anos e maiores de 65 anos.
Museu Vivo
A necessidade de sair em busca de mais bondes, devido ao sucesso da Linha Turística, levou a prefeitura a idealizar um museu vivo, em que devem circular representantes de várias partes do planeta. Após contatos com várias cidades do mundo, recebeu em doação três veículos portugueses, vindos do Porto, e dois italianos, de Turim. Um destes, articulado, funcionará como restaurante sobre trilhos. Desses quatro, foram restaurados dois portugueses, que já se movimentam no Centro Histórico, ao lado dos dois escoceses e do reboque. O transporte e desembaraço aduaneiro ficou a cargo de um grupo de empresas locais, sem ônus algum para a prefeitura.
Passado de pioneirismo
A história do bonde em Santos começou em 1871, um ano antes de um similar ser implantado na capital do Estado. A primeira linha, puxada por burros, fazia o trajeto do Centro até a praia do Boqueirão. A modernização veio a partir de 1904, quando o sistema foi absorvido pela ‘The City of Santos Improvements Company’, também responsável pelos serviços de luz, força e gás na cidade.
A escritora Edith Pires Gonçalves Dias, 89 anos, guarda boas lembranças da época em que o bonde era a principal opção de transporte público. "Apesar de abertos, eles eram muito limpos. Os funcionários eram maravilhosos e o motorneiro sempre esperava aquelas pessoas que vinham correndo para embarcar". Ela subiu pela primeira vez num deles aos três anos de idade, quando o sistema elétrico já predominava, mas conta que chegou a ver unidades puxadas por animais no final da década de 20, usadas para transporte de produtos.
As dificuldades para manutenção e as facilidades dos veículos a diesel resultaram na finalização do transporte de bonde na cidade, em 28 de fevereiro de 1971.